 Apenas as afirmativas II e IV estão corretas 

 Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas 

 As afirmativas I, II, III e IV estão corretas 

 Apenas as afirmativas II e III estão corretas 

 Apenas as afirmativas I e IV estão corretas

Resposta: Letra B

As afirmativas I, II e IV estão corretas dentro da filosofia de Platão, referência fundamental na história do pensamento ocidental. Vamos analisar cada uma delas para compreender por que estas são corretas e a afirmativa III é incorreta.
 

Analisando as afirmativas:

I. Platão, em sua filosofia, estabeleceu uma nítida distinção entre o mundo sensível e o mundo das ideias, ou formas. O primeiro é o mundo em que vivemos, marcado pela mudança e pela impermanência, acessível aos nossos sentidos. O segundo, por sua vez, é um reino imutável e perfeito, acessível somente pela razão. Esta descrição é precisamente o que a afirmativa I comunica, enfatizando a contraposição entre o eterno e imutável (mundo das ideias) e o transitório (mundo sensível). Esta dualidade é central na teoria platônica conhecida como teoria das formas. Portanto, a afirmativa I é verdadeira.
 

II. De acordo com Platão, a verdade e o conhecimento genuínos só podem ser alcançados através da razão, que tem como objeto de estudo as formas ideais, eternas e imutáveis. Em sua obra, destacadamente nos diálogos "A República" e "Fédon", ele critica as opiniões baseadas em sensações e percepções sensoriais, as quais são sempre suscetíveis a erro, dada a sua natureza mutável e transitória. Portanto, a afirmativa II é verdadeira.
 

III. A descrição da estrutura social em "A República" de Platão de fato utiliza a analogia do corpo humano, mas a interpretação de que isso constitui a origem da "democracia" e do "bem-estar social" é errônea. Platão propõe uma sociedade governada por filósofos-reis, onde cada classe (governantes, guerreiros, produtores) desempenha sua função específica harmoniosamente. Sua visão não pode ser diretamente vinculada às concepções modernas de bem-estar social ou democracia, que implicam participação e igualdade de direitos políticos muito mais amplas. Portanto, a afirmativa III é incorreta.
 

IV. Em relação à divisão entre alma e corpo, a concepção platônica é bastante clara no sentido de que a alma, por ser imaterial e pertencente ao mundo das ideias, busca a verdade e o bem, enquanto o corpo, material e sensível, está vinculado ao mundo sensível e às paixões. Assim como detalhado na "Fedro" e "A República", a alma é considerada superior pelo seu acesso às formas ideais. Afirmativa IV é, portanto, verdadeira.
 

Gabarito: Letra B

A questão se refere à teoria das Formas ou Ideias de Platão, que é fundamental para compreender sua filosofia. Platão, um filósofo ateniense da Antiguidade clássica, propôs uma distinção entre dois níveis de realidade: o mundo sensível e o mundo inteligível ou das Formas.

Platão concebia as Formas como realidades supra-sensíveis e perfeitamente universais. Elas são eternas, não sofrem alterações e são modelos perfeitos dos quais as coisas sensíveis são meras cópias. Por exemplo, a Forma de "Círculo" é perfeita e absoluta, enquanto qualquer círculo desenhado no mundo sensível é uma imperfeição comparado à Forma ideal.

Portanto, as Formas são "Universais", o que significa que elas representam a essência que pode ser compartilhada entre diversos objetos de um mesmo tipo, sendo esta essência constante e imutável. Em contraste, os objetos da sensação, que percebemos através de nossos sentidos, são "Particulares". Isso significa que são específicos, mudam com o tempo e nunca capturam completamente a essência de suas Formas correspondentes. Um objeto sensível é uma instância específica que participa de uma Forma, mas não a reproduz completamente ou perfeitamente.

Por essas razões, a alternativa B ("Universais / particulares") é a correta. Essa alternativa capta com precisão a visão platônica das relações entre as Formas eternas e os objetos do mundo sensível que experimentamos no nosso dia a dia.

 

Análise das Alternativas Incorretas:

<ul>
<li>A) Universais / únicos: Esta opção é incorreta porque, embora as Formas sejam universais, os objetos sensíveis não são "únicos" no sentido pleno; eles são particulares, que fazem parte de um conjunto maior que compartilha características comuns derivadas da mesma Forma.</li>

<li>C) Sensíveis / múltiplos: A ideia de que as Formas são "sensíveis" contradiz diretamente a teoria de Platão, que afirma que elas são supra-sensíveis e acessíveis apenas pela razão.</li>

<li>D) Perfeitas / absolutos: As Formas são, de fato, consideradas perfeitas, mas os objetos não são “absolutos”, são específicos e imperfeitos.</li>

<li>E) Imanentes / transcendentes: “Imanentes” e “transcendentes” são conceitos interessantes, mas não aplicam diretamente aqui. As Formas são transcendentes (existem em um plano acima e além do físico), enquanto os objetos sensíveis são imanentes ao mundo físico.</li>
</ul>

Assim, essas análises confirmam que a única opção que reflete corretamente o pensamento de Platão sobre a natureza das Formas e sua relação com os objetos sensíveis é a alternativa B.

Gabarito: Letra B

 uma via de acesso à elevação da alma ao inteligível.

 um obstáculo sensível à contemplação das essências.

 uma forma de descarga emocional útil para a cidade.

 um artifício retórico utilizado por poetas e sofistas.

Na passagem acima, extraída da filosofia de Platão, o texto discute a natureza do amor e sua relação com o conhecimento da verdade e a beleza. Platão, através deste excerto e em várias partes de sua obra, frequentemente explora o amor (Eros) não apenas como uma emoção ou atração física, mas como uma força motivadora fundamental na busca pela verdade e beleza em sua forma mais verdadeira e ideal. 

Platão propõe que o amor é algo que facilita a "lembrança" das formas ideais, conhecidas antes de nossa alma se encarnar no mundo físico. Portanto, ele vê o amor como essencial para a jornada da alma em direção à elevação e à compreensão das verdadeiras formas de beleza e verdade, que residem no mundo das ideias ou formas inteligíveis. 

Analiso agora cada uma das alternativas em contexto com a filosofia platônica:

A) uma via de acesso à elevação da alma ao inteligível.
Correta. Conforme explicado, para Platão, o amor é um movimento da alma que a direciona para o que é verdadeiramente belo e bom, ou seja, as formas ideais. O amor, então, serve como uma ponte que a alma pode usar para alcançar um nível mais alto de compreensão sobre a realidade, movendo-se além do mundo sensível e imperfeito para o reino do inteligível. 

B) um obstáculo sensível à contemplação das essências.
Incorreta. Na filosofia de Platão, o amor não é visto como um obstáculo, mas como um facilitador que ajuda a alma a se elevar acima das qualidades transitórias do mundo sensível para contemplar as essências verdadeiras e imutáveis que residem no mundo das formas ou ideias. 

C) uma forma de descarga emocional útil para a cidade.
Incorreta. Esta interpretação reduz o conceito platônico do amor a uma mera descarga emocional, ignorando sua função metafísica e ética como meio de ascensão e purificação da alma em busca da verdade e do bem maior. Não está alinhada com as ideias de Platão sobre o papel transcendental do amor na filosofia. 

D) um artifício retórico utilizado por poetas e sofistas.
Incorreta. Embora Platão fosse crítico de poetas e sofistas por usarem a retórica de maneira que ele considerava enganosa ou superficial, ao tratar do amor, particularmente em obras como o "Banquete", ele discute o amor de uma maneira profundamente filosófica, buscando entender sua essência e seu impacto na alma humana e não meramente como um truque retórico. 

A resposta correta é, portanto, a letra A: "uma via de acesso à elevação da alma ao inteligível". Esta alternativa captura adequadamente a visão de Platão sobre o amor como um poderoso movimento interior que instiga a alma a buscar e se recordar da verdadeira essência das coisas, guiando-a para o mundo das formas onde reside a verdade última. 

Gabarito: Letra A

    É aqui então que vem dar todo o discurso sobre o tipo de delírio em que alguém, vendo a beleza por aqui e lembrando-se da verdadeira, cria asa e de novo deseja alçar voo. E porque deste delírio participa o que ama os belos, amante se chama.


Na obra "A República" de Platão, encontramos a famosa analogia do sol, que é essencial para compreender a teoria das formas ou ideias do filósofo. O sol, no mundo sensível, permite que os olhos vejam as coisas ao iluminá-las. Analogamente, no mundo das ideias (ou mundo inteligível), é o Bem que permite à alma conhecer as verdadeiras Realidades.
 
Platão descreve que assim como o sol não só torna os objetos visíveis, mas também gera vida e crescimento, o Bem, no mundo inteligível, não apenas torna conhecíveis os objetos da verdade, mas também proporciona a "existência" e a "essência" às ideias (formas). Isso estabelece uma hierarquia na qual o Bem é a causa última de todo conhecimento e existência, sendo uma condição sine qua non para a compreensão verdadeira.
 
Analisando cada uma das opções oferecidas:
 
<ul>
 <li>A) da ideia. Esta opção é incorreta porque a visão, no contexto de Platão, se relaciona mais diretamente com o processo ou a capacidade de perceber ou entender, e não especificamente com as ideias em si.</li>
 <li>B) do intelecto. Esta opção é correta. Na analogia do sol, a visão é equivalente ao intelecto no mundo inteligível. Assim como a visão precisa da luz do sol para ver os objetos no mundo físico, o intelecto requer a luz do Bem para compreender as ideias verdadeiras.</li>
 <li>C) da verdade. Embora a verdade seja um conceito central na filosofia de Platão, esta alternativa é menos precisa porque refere-se mais ao objetivo do intelecto (alcançar a verdade) do que à sua função análoga à visão.</li>
 <li>D) do simulacro. Esta opção é incorreta. O simulacro, em Platão, está mais relacionado com as sombras e as representações distantes da verdadeira essência das coisas, algo que está na direção oposta da função do sol e do Bem na sua analogia.</li>
</ul>
 
Portanto, a compreensão correta da metáfora de Platão nos leva a concluir que a alternativa B é a mais adequada. Ao afirmar que a visão é análoga ao intelecto, reconhecemos que, para Platão, assim como nossos olhos são capazes de ver as coisas claramente sob a luz do sol, nosso intelecto pode alcançar a compreensão das formas verdadeiras sob a "luz" do Bem.
 
Esta análise não somente reflete a profundidade e a complexidade do pensamento platônico, mas também sublinha a maneira pela qual Platão conecta sua metafísica com uma epistemologia bem definida, onde o Bem desempenha o papel supremo de fonte de todo verdadeiro conhecimento e existência.
Gabarito: Letra B

 somente aqueles que possam defender a pátria devem governar; 

 o governo deve ser exercido por aqueles que possuem o saber mais aprofundado; 

 o poder político deve ser exercido por pessoas comuns, com a proteção de soldados e o conselho dos sábios; 

 a concentração do poder político em uma pessoa evita as corruptelas que a vontade de muitos traz consigo; 

 o poder político deve ser exercido de modo equitativo, sendo distribuído de modo igualitário entre pessoas comuns, soldados e sábios.

Platão foi um filósofo ateniense que, influenciado pelas experiências políticas de sua época e pelo destino de seu mestre Sócrates, desenvolveu uma detalhada filosofia política centrada na ideia de justiça e no papel dos governantes. As reflexões platônicas sobre política podem ser especialmente encontradas em obras como "A República", onde propõe um Estado idealizado governado por filósofos-reis. Vamos agora analisar cada uma das alternativas à luz das ideias de Platão para verificar a correta. 

A alternativa A) sugere que "somente aqueles que possam defender a pátria devem governar". Platão, no entanto, propõe uma classe de guardiões ou guerreiros, responsável pela defesa do Estado, mas não necessariamente pelo governo. A função principal dos guardiões, conforme descrito na República, é proteger a cidade, enquanto o governo caberia aos filósofos-reis, que possuem o conhecimento necessário para tal função. Portanto, essa alternativa não representa corretamente as ideias de Platão. 

A alternativa B) afirma que "o governo deve ser exercido por aqueles que possuem o saber mais aprofundado". Esta alternativa capta com precisão o conceito platônico dos filósofos-reis. Em "A República", Platão argumenta que os governantes ideais seriam aqueles que alcançaram o mais alto grau de conhecimento, especialmente o conhecimento das Formas, e compreenderam a natureza do Bem. É uma descrição exata da visão política de Platão. 

A alternativa C) menciona que "o poder político deve ser exercido por pessoas comuns, com a proteção de soldados e o conselho dos sábios". Embora Platão divida a sociedade em três classes (produtores, guardiões e governantes), ele não advoga que o poder político deva ser exercido pelas pessoas comuns, mas sim que cada classe desempenhe seu papel específico para a harmonia da cidade. 

A alternativa D) propõe que "a concentração do poder político em uma pessoa evita as corruptelas que a vontade de muitos traz consigo". Esta ideia parece refletir um regime autocrático ou monárquico, que não é exatamente o que Platão propõe, já que ele acredita numa “aristocracia filosófica” e não em um único governante autocrata. 

Finalmente, a alternativa E) sugere que "o poder político deve ser exercido de modo equitativo, sendo distribuído de modo igualitário entre pessoas comuns, soldados e sábios". Essa visão é uma interpretação equivocada do modelo de Platão, que estabelece funções distintas para cada classe, onde cada grupo possui uma virtude predominante, e não uma igualdade na partilha do poder político. 

Portanto, a alternativa correta é a B), conforme exposto acima, que reflete a proposta platônica de que os governantes devem ser aqueles que detêm o mais alto conhecimento, especialmente o Filosófico, para liderar o Estado de maneira justa e eficaz.

Gabarito: Letra B

Questões de Filosofia - Platão - 2023