 encaramos as drogas como coisa proibida.

Comentário: já nas primeiras linhas, constatamos "...não raro penso nas rasteiras que o inconsciente nos passa e o quanto nos atrapalhamos por achar que merecemos pouco". Outras passagens seguem no mesmo sentido, como esta: “Eu não mereço ser feliz. Quem sou eu para estar bem, ter saúde, ter alguma segurança e alegria? Não mereço uma boa família, afetos razoavelmente seguros, felicidade em meio aos dissabores”. O que assimilamos desses trechos é que, se algo começa a ir muito bem, possivelmente nós mesmos daremos um jeito de que desmorone. Isso é sabotar a si próprio. A autossabotagem é a&nbsp;tendência a colocar travas, limites e complicações a si mesmo durante o caminho em direção a metas ou objetivos. Resposta: Letra C. &nbsp;

Lya Luft
 O ser humano é um animal que deu errado em
 várias coisas. A maioria das pessoas que conheço,
 se fizesse uma terapia, ainda que breve, haveria de
 viver melhor. Os problemas podiam continuar ali, mas
5 elas aprenderiam a lidar com eles.
 Sem querer fazer uma interpretação barata ou
 subir além do chinelo: como qualquer pessoa que
 tenha lido Freud e companhia, não raro penso nas
 rasteiras que o inconsciente nos passa e em quanto
10 nos atrapalhamos por achar que merecemos pouco.
 Pessoalmente, acho que merecemos muito: nas-
 cemos para ser bem mais felizes do que somos, mas
 nossa cultura, nossa sociedade, nossa família não
 nos contaram essa história direito. Fomos onerados
15 com contos de ogros sobre culpa, dívida, deveres e...
 mais culpa.
 Um psicanalista me disse um dia:
 – Minha profissão ajuda as pessoas a manter a
 cabeça à tona d’água. Milagres ninguém faz.
20 Nessa tona das águas da vida, por cima da qual
 nossa cabeça espia – se não naufragamos de vez –,
 somos assediados por pensamentos nem sempre
 muito inteligentes ou positivos sobre nós mesmos.
 As armadilhas do inconsciente, que é onde nos
25 so pé derrapa, talvez nos façam vislumbrar nessa
 fenda obscura um letreiro que diz: “Eu não mereço
 ser feliz. Quem sou eu para estar bem, ter saúde, ter
 alguma segurança e alegria? Não mereço uma boa
 família, afetos razoavelmente seguros, felicidade em
30 meio aos dissabores”. Nada disso. Não nos ensina-
 ram que “Deus faz sofrer a quem ama”?
 Portanto, se algo começa a ir muito bem, pos-
 sivelmente daremos um jeito de que desmorone – a
 não ser que tenhamos aprendido a nos valorizar.
35 Vivemos o efeito de muita raiva acumulada, mui-
 to mal-entendido nunca explicado, mágoas infantis,
 obrigações excessivas e imaginárias. Somos ofus-
 cados pelo danoso mito da mãe santa e da esposa
 imaculada e do homem poderoso, pela miragem dos
40 filhos mais que perfeitos, do patrão infalível e do go-
 verno sempre confiável. Sofremos sob o peso de
 quanto “devemos” a todas essas entidades inventa-
 das, pois, afinal, por trás delas existe apenas gente,
 tão frágil quanto nós.
45 Esses fantasmas nos questionam, mãos na cin-
 tura, sobrancelhas iradas:
 – Ué, você está quase se livrando das drogas,
 está quase conquistando a pessoa amada, está qua-
 se equilibrando sua relação com a família, está qua-
50 se obtendo sucesso, vive com alguma tranquilidade
 financeira... será que você merece? Veja lá!
 Ouvindo isso, assustados réus, num ato nada
 falho tiramos o tapete de nós mesmos e damos um
 jeito de nos boicotar – coisa que aliás fazemos de-
55 mais nesta curta vida. Escolhemos a droga em lugar
 da lucidez e da saúde; nos fechamos para os afetos
 em lugar de lhes abrir espaço; corremos atarantados
 em busca de mais dinheiro do que precisaríamos; se
 vamos bem em uma atividade, ficamos inquietos e
60 queremos trocar; se uma relação floresce, viramos
 críticos mordazes ou traímos o outro, dando um jeito
 de podar carinho, confiança ou sensualidade.
 Se a gente pudesse mudar um pouco essa pers-
 pectiva, e não encarar drogas, bebida em excesso,
65 mentira, egoísmo e isolamento como “proibidos”, mas
 como uma opção burra e destrutiva, quem sabe po-
 deríamos escolher coisas que nos favorecessem. E
 não passar uma vida inteira afastando o que poderia
 nos dar alegria, prazer, conforto ou serenidade.
70 No conflitado e obscuro território do inconsciente,
 que o velho sábio Freud nos ensinaria a arejar e ilu-
 minar, ainda nos consideramos maus meninos e me-
 ninas, crianças malcomportadas que merecem casti-
 go, privação, desperdício de vida. Bom, isso também
75 somos nós: estranho animal que nasceu precisando
 urgente de conserto.
 Alguém sabe o endereço de uma oficina boa, ba-
 rata, perto de casa – ah, e que não lide com notas
 frias?

Olha só, vamos dar uma destrinchada no texto para entender o contexto de "ser inquilino" e identificar por que a alternativa B, "transigência", é a correta. No trecho citado, a discussão está em torno de como as pessoas devem encarar a vida de forma que não se tornem "inquilinos" de suas próprias decisões, especialmente daquelas das quais têm dúvidas.

 

A palavra "intransigência" não aparece diretamente no texto, mas a ideia é que ao "deixar entrar algo que se acha errado ou não se quer" (ℓ. 27-28), a pessoa demonstra uma flexibilidade, ou seja, uma aceitação daquilo que realmente não condiz com suas verdadeiras vontades ou valores. Isso é transigência: a disposição para aceitar situações mesmo contra a própria vontade ou melhor julgamento, apenas para evitar conflito ou desconforto. Essa postura pode levar uma pessoa a se sentir como um "inquilino" em sua própria vida, lidando com escolhas e consequências que não parecem verdadeiramente suas.

 

Enquanto a "inclemência" envolveria um rigor excessivo, e "inflexibilidade" ou "rigidez" indicariam uma recusa em mudar ou adaptar-se, o que não se relaciona diretamente a permitir influências externas, e "radicalidade" referir-se-ia a atitudes extremas não mencionadas no contexto do trecho, a transigência se encaixa perfeitamente à ideia. Ela explica o porquê de se tornar um inquilino em sua própria vida, resultado de aceitar aquilo que não condiz com suas convicções pessoais.

 

alternativa correta é B

 
    O futuro é construído a cada instante da vida, nas
    tomadas de decisões, nas aceitações e recusas, nos
    caminhos percorridos ou não. Esse movimento é feito
    por nós diariamente sem percebermos e sem muito
5   impacto, contudo, quando analisado em um período
    de tempo maior, ficam nítidos os erros e acertos. Sa-
    bemos, internamente, dos melhores caminhos, entre-
    tanto, pelas inseguranças, medos e raivas, diversas
    vezes adotamos posturas impensadas que impactam
10  pelo resto da vida, comprometendo trilhas que pode-                  
    riam ser melhores ou mais tranquilas.
    Como podemos superar esses momentos? Como
    fazer para evitar esses erros súbitos? Perguntas a que
    também quero responder, afinal, sou humano e come-                     
15  to todos os erros inerentes a minha condição, contu-                     
    do, posso afirmar que o mundo não acaba amanhã e,
    retirando a morte, as decisões podem ser adiadas, lem-        
    brando que algumas delas geram ônus e multas. No
    direito e na medicina isso é mais complexo, mas em
20  muitas outras áreas isso é perfeitamente aceito. A
    máxima de que “não deixe para fazer amanhã o que
    você pode fazer hoje” não é tão máxima assim. Deve-                
    mos lembrar que nada é absoluto, mas relativo.
       Uma coisa faz muito sentido nesse tema: não
25  deixe entrar aquilo de que você tem dúvida; se deixar,
    limite o espaço. A pessoa mais importante da vida é o
    seu proprietário, o nosso maior erro é ser inquilino dela,
    deixar entrar algo que se acha errado ou não se quer
    é tornar-se inquilino do que é seu, pagando aluguel e
30  preocupado com o final do contrato da sua vida. Não
    cometa esse erro.
    A felicidade atual depende do passado, assim
    como a tristeza, a pobreza, a saúde e muitas outras
    coisas. Nunca se esqueça disso, nunca.Torne mais
35  flexível o seu orgulho, algo que hoje não deu certo,
    pode ser perfeitamente aplicável daqui a um tempo. O
    orgulho impede de você tentar de novo. Não minta para
    você, essa é a forma mais rápida de se perder. Quan-                     
    do tiver dúvida, fale alto com você mesmo, escute as
40  suas palavras e pense muito. É melhor ser taxado de
    louco do que ser infeliz.
       Aceite que erramos, mas lembre que cometer os
    mesmos erros é burrice. O ideal é aprender com os
    erros dos outros; para que isso aconteça, observe o
45  que acontece com o mundo ao seu redor, invariavel-                
    mente o seu problema já foi vivido por outras pessoas.
    Você não foi o primeiro a cometer erros e, com abso-                    
    luta certeza, não será o último. A observação é o me-                  
    lhor caminho para um futuro mais tranquilo, mais equi-         
50  librado, mais pleno. Temos que separar um tempo do
    nosso dia para a reflexão e meditação.
       Utilize-se de profissionais especialistas, não co-                  
    meta a bobagem de escutar amigos acerca de um pro-          
    blema, eles são passionais e tendenciosos pelo nos-                      
55  so lado. Com eles, sentimo-nos seguros para imagi-              
    narmos soluções perfeitas que nunca se concretiza-                    
    rão. O fracasso nessas ideias geniais solucionadoras
    dos seus problemas, tipo “seus problemas acabaram”
    causam frustrações e raivas, sentimentos que atacam
60  nossa autoestima e podem prejudicar o resto de nos-                    
    sa vida. Cuidado com isso.
       Por fim, tente ser feliz, tente amar, ajude as pes-                          
    soas que precisam, seja bom. Nunca, mas nunca mes-               
    mo, machuque as pessoas de caso pensado, só por
65  vingança ou maldade, esse é com absoluta certeza o
    mais vil de todos os pecados que um ser humano pode
    fazer. Quando machucar por outro motivo, arrependa-
    -se e peça desculpas sinceras e tente nunca mais ma-           
    chucar, tente com afinco. Evite criticar as pessoas;
70  como o mundo dá muitas voltas, um dia você pode ser
    o criticado. Aceite as pessoas como são, não tente
    mudá-las, seja humilde e aceite os seus erros.
    Esses comportamentos não resolvem os proble-                         
    mas, mas podem evitá-los. O nosso futuro pode ser
75  um passado legal, depende apenas de nós.


Essa questão da CESGRANRIO em português é típica por explorar a compreensão e interpretação de textos. Vamos destrinchar o enunciado e entender o porquê da alternativa correta ser B.

 

No trecho citado, o texto faz uma ligação direta entre a "felicidade", a "pobreza", a "tristeza", e a "saúde" com experiências e decisões tomadas no passado. Essa relação está ligada ao impacto que as escolhas anteriores têm nos nossos estados presentes. O termo que melhor descreve isso é "consequência", pois denota o efeito direto que resulta de ações anteriores.

 

Na frase, não se fala em "causa", que seria algo que gera diretamente um efeito e que seria independente de situações emocionais ou de saúde, e também não se menciona "finalidade", que indicaria um objetivo a ser alcançado. "Condição" não seria a escolha correta porque se refere mais a um estado permanente ou estável, que não reflete a dinâmica de mudança induzida por ações passadas. Por fim, "alternativa" não se encaixaria nesse contexto por não representar uma ação ou efeito.

 

Portanto, a ligação entre escolhas passadas e seus impactos emocionais e de saúde no presente é claramente uma relação de consequência, tornando a alternativa correta é B.

 ocasionado por uma situação promissora.

 resultante da ocorrência de um insucesso.

 causado por uma série de tentativas frustradas.

 decorrente da inviabilidade de uma situação vindoura.

 preventivo contra iminentes decepções.

Olá! Vamos destrinchar essa questão estilo CESGRANRIO, focada em interpretação de textos, né?
 
Então, a CESGRANRIO é conhecida por solicitar uma leitura atenta e uma análise precisa do texto, garantindo que o candidato mergulhe fundo no entendimento do conteúdo. Essa questão, como não poderia deixar de ser, segue essa linha, pedindo que a gente identifique uma característica do “orgulho” citado no texto.
 
O trecho que nos interessa está localizado na linha 35, onde é discutido o impacto do orgulho na capacidade de uma pessoa tentar de novo após um fracasso. Lá, o autor indica que o orgulho pode servir como um bloqueio que impede a pessoa de tentar novamente. Esse "bloqueio" está ligado diretamente a situações que não deram certo anteriormente, ou seja, a fracassos passados.
 
Observando as alternativas, percebemos que a alternativa B ("resultante da ocorrência de um insucesso") é a única que se encaixa direitinho nessa narrativa. As outras opções ou adicionam elementos que o texto não menciona ou distorcem um pouco a mensagem central relacionada ao orgulho.
 
Portanto, ao analisarmos o contexto em que o "orgulho" é abordado, é evidente que ele é apresentado como uma barreira que surge a partir de um insucesso anterior, realçando a dificuldade de se superar o passado e tentar novamente.
 
A alternativa correta é B.

“Aceite que erramos,” (ℓ. 42)

“...lembre que cometer os mesmos erros é burrice.” (ℓ. 42-43)

“observe o que acontece com o mundo ao seu redor,” (ℓ. 44-45)

“invariavelmente o seu problema já foi vivido por outras pessoas.” (ℓ. 45-46)

“Temos que separar um tempo do nosso dia para a reflexão e meditação.” (ℓ. 50-51)

Beleza, vamos analisar o enunciado com base no tema proposto, que é a compreensão de textos. No quinto parágrafo, o autor se concentra na importância de aprender com os erros alheios como estratégia para evitar repeti-los. Vamos dar uma olhada nas alternativas e entender qual delas sustenta a ideia central de que é ideal aprender com os erros dos outros.

 

A alternativa A ("Aceite que erramos,") apenas reconhece nossa característica humana de cometer erros, mas não oferece uma justificativa para aprender com os erros alheios. A alternativa B ("...lembre que cometer os mesmos erros é burrice.") apoia a importância de não repetir erros, contribuindo para a reflexão, mas não é o argumento nuclear. A alternativa C ("observe o que acontece com o mundo ao seu redor,") sugere observar o ambiente, o que pode contribuir para o aprendizado, mas também não é o ponto central. A alternativa E ("Temos que separar um tempo do nosso dia para a reflexão e meditação.") foca na importância do autoconhecimento e na ponderação pessoal, não necessariamente no aprendizado através dos erros dos outros.

 

A alternativa correta é a D ("invariavelmente o seu problema já foi vivido por outras pessoas."), porque ela estabelece que muitos dos problemas que enfrentamos já foram experienciados por outros. Este ponto é fundamental para defender a ideia de que se pode aprender observando as experiências alheias, evitando assim cometer os mesmos erros. Ao saber que outros já passaram por situações semelhantes, percebemos que não estamos sós em nossa jornada e podemos tirar lições importantes das resoluções encontradas por eles.

 

A alternativa correta é D.

Questões de CESGRANRIO - Português - Compreensão e interpretação de textos