Ao analisar o desenvolvimento do teatro no Brasil, é essencial reconhecer que as primeiras manifestações teatrais conhecidas foram de fato as peças encenadas durante o período de catequese dos indígenas pelos missionários jesuítas. Entretanto, o foco primordial desses eventos teatrais estava longe de ser estético ou artisticamente orientado. Em vez disso, a principal função dessas peças era a educação religiosa e a conversão dos povos indígenas ao Cristianismo.
 
Historicamente, o teatro jesuítico serve como um exemplo de como as práticas culturais podem ser utilizadas como instrumentos de evangelização. A utilização do teatro nesse contexto tinha como objetivo principal a transmissão de conteúdos religiosos e a aculturação dos índios, inserindo-os nos valores e nos princípios do catolicismo. Desta forma, se pode considerar que o teatro tinha uma função didático-religiosa explícita, algo que diverge da suggestão de que havia uma preocupação primariamente estética e artística.
 
O teatro como forma de catequese foi uma estratégia eficaz adotada pelos jesuítas devido ao seu potencial de engajar emocionalmente o público e facilitar a memorização de ensinamentos religiosos. Este aspecto didático e pedagógico prevaleceu sobre quaisquer considerações estéticas, as quais eram claramente secundárias na missão principal dos jesuítas.
 
Assim, ao contrário do que sugere o item da questão, as origens do teatro no Brasil são marcadas por uma forte e predominante influência religiosa, voltada para a instrução e moralização dos povos indígenas, e não por uma busca pela beleza estética ou pela arte pela arte.
 
Portanto, a afirmação de que as origens do teatro brasileiro tinham uma preocupação "mais estética e artística do que religiosa" é incorreta, o que faz com que a resposta correta para esta questão seja E) Errado.

As origens do teatro brasileiro remontam ao teatro de
catequese dos indígenas, cuja preocupação era mais estética e
artística do que religiosa.

A respeito da história do teatro no Brasil, julgue os itens a seguir.


O conceito de espect-ator, criado por Augusto Boal, é uma das chaves fundamentais do Teatro do Oprimido, movimento teatral e metodológica desenvolvido por ele. Esse conceito propõe uma interação inovadora entre a cena e o público, deslocando o espectador de uma posição passiva para uma ativamente participativa.
 

Com o conceito de espect-ator, Boal propunha que os espectadores não deveriam apenas assistir à peça passivamente, mas deveriam ter a oportunidade de intervir na performance, influenciando seu curso e até mesmo participando diretamente da ação dramática. Isso significava transformar cada pessoa da platéia em co-criadora da obra encenada, em autênticos protagonistas.
 

Este método foi adotado em diversas práticas ligadas ao Teatro do Oprimido e visava não só a transformação da cena teatral, mas também a transformação social, ao capacitar indivíduos a repensarem suas próprias situações de vida e agirem sobre elas. Boal acreditava que o teatro deveria ser um meio de conscientização e mudança social, não apenas um espetáculo para entretenimento.
 

Identificar os espectadores como espect-atores é, portanto, uma maneira metódica de garantir que a arte refletisse e instigasse as mudanças sociais, incentivando o público a não apenas entender, mas também a participar e provocar mudanças em seus contextos sociais e pessoais. Assim, essa ideia revolucionária destacava a importância de uma experiência interativa e transformadora através do teatro.
 

Portanto, a afirmação de que o conceito de espect-ator, criado por Augusto Boal, transforma os espectadores de meros observadores para protagonistas da cena teatral é correta e reflete adequadamente o espírito inovador e revolucionário de suas práticas teatrais.
 

A resposta correta é C) Certo.

Conceito chave da dramaturgia de Augusto Boal, o espect-ator
retira os espectadores da condição de meros observadores e os
tornam também protagonistas da cena teatral.

O teatro de vanguarda brasileiro dos anos 60 caracterizou-se por buscar uma nova forma de se relacionar com o público, e uma das principais influências deste movimento foi o dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Brecht defendia um teatro que fosse além da mera representação dramática, propondo o que chamou de "teatro épico". 

Essencialmente, o teatro épico de Brecht visava fazer com que os espectadores não recebessem as peças de forma passiva, mas que refletissem crítica e ativamente sobre o conteúdo apresentado. A ideia era ‘distanciar’ o espectador do envolvimento emocional direto com a peça, para que pudesse pensar de forma crítica sobre as questões sendo representadas, especialmente aquelas relacionadas a problemas sociais e políticos. 

No Brasil, esse impacto de Brecht foi particularmente sentido no teatro de vanguarda, em que dramaturgos e diretores procuravam formas de envolver o público na crítica às normas sociais e à política contemporânea. Isso pode ser claramente observado em obras de grupos e indivíduos que exploravam temas políticos e sociais, questionando, por meio da arte, a realidade brasileira da época. 

Portanto, o teatro de vanguarda não só foi influenciado por Bertolt Brecht, como também adotou e adaptou suas ideias fundamentais, promovendo uma arte que desempenhava um papel ativo na sociedade ao capacitar os espectadores a assumirem uma postura crítica perante a realidade. A influência de Brecht foi, sem dúvida, um ponto de inflexão para o teatro brasileiro da época, moldando significativamente a maneira como as peças eram escritas, dirigidas e experienciadas. 

A resposta correta é, portanto, C.

O teatro de vanguarda brasileiro dos anos 60 do século passado
foi influenciado pelo dramaturgo Bertolt Brecht, na medida em
que passou a considerar o espectador como capaz de assumir
uma atitude crítica perante a realidade.

Para abordar essa questão, é importante corrigir e esclarecer alguns pontos chave sobre a obra mencionada. A peça Dois Perdidos numa Noite Suja foi escrita por Plínio Marcos, e não Plínio Marques, como referido no enunciado. Esse erro de nome é fundamental, pois confunde a autoria dessa significativa obra teatral brasileira.
 
Além do mais, a peça de Plínio Marcos não tematiza os conflitos de grupos sociais pertencentes à burguesia ou à elite social e política. Na verdade, ela explora as dinâmicas entre dois homens pobres, Tonho e Paco, que vivem marginalizados pela sociedade. Eles trabalham carregando caixas em um mercado e a narrativa se concentra na luta deles contra a pobreza extrema e suas aspirações de uma vida melhor.
 
A discussão e crítica social presentes na obra estão fortemente ancoradas nas condições de vida dos personagens que pertencem às camadas mais baixas da sociedade, contrastando profundamente com os grupos mencionados no enunciado. Esta distinção é crucial para um entendimento preciso da literatura dramática de Plínio Marcos e do teatro brasileiro de maneira geral.
 
O equívoco destaca a necessidade de uma compreensão correta não apenas dos autores e suas obras, mas também dos contextos e temas que eles exploram. Isso ressalta a riqueza e diversidade dentro do teatro brasileiro, que frequentemente aborda questões sociais, políticas e econômicas do país.
 
Considerando as correções necessárias em relação ao autor e o foco temático da peça, conclui-se que a afirmação apresentada pelo enunciado é, de fato, errada.
 
A resposta correta é E.

Um marco do teatro brasileiro é a peça Dois perdidos em uma
noite suja, de Plínio Marques, a qual tematiza os conflitos de
grupos sociais pertencentes à burguesia e à elite social e
política.

A peça O rei da vela, escrita por Oswald de Andrade em 1933, mas encenada apenas em 1967, marca um ponto crucial na história do teatro brasileiro. Esta obra faz parte do movimento modernista e introduz uma linguagem inovadora com críticas sociais e políticas agudas. 

Oswald de Andrade utilizou uma abordagem carnavalesca, segundo a proposta do teatro modernista, para criticar, de forma intensa e perceptível, os problemas sociais, econômicos e políticos do Brasil da época. Essa peça expõe com violência e ironia a hipocrisia da sociedade, o poder dos bancos e a exploração econômica. 

É importante destacar que, mesmo tendo sido escrita na década de 1930, O rei da vela só foi encenada publicamente décadas depois, precisamente em 1967, pelo Grupo Oficina, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. Esta estreia da peça é um marco para o teatro brasileiro, pois além de trazer a público uma obra até então desconhecida de Oswald de Andrade, trouxe uma proposta cênica revolucionária no uso de recursos como a sátira e a alegoria. 

O fato de O rei da vela ter sido escrita na década de 1930 e encenada apenas na década de 1960 chama atenção para uma característica importante do modernismo de que a obra faz parte: sua capacidade de estar à frente de seu tempo, tanto em termos de conteúdo crítico quanto de forma. 

Portanto, é correto afirmar que O rei da vela, de Oswald de Andrade, é considerada fundadora de uma dramaturgia brasileira na década de 1930, ao carnivailizar e criticar intensamente a realidade brasileira, mesmo que seu reconhecimento tenha ocorrido posteriormente. 

A resposta correta é C.

A peça O rei da vela, de Oswald de Andrade, é considerada
fundadora de uma dramaturgia brasileira na década de 1930, ao
carnavalizar o teatro por seus recursos cênicos e por críticas
contundentes à realidade brasileira.

Considerando a dramaturgia e sua história no Brasil, julgue os
próximos itens.


Questões de Educação - História da Educação no Brasil