liquidou entre os amigos a sua passarinhada.

o gato popular que anda pelos telhados.

E aí, pessoal! Beleza? Vamos analisar essa questão que rola um toque de literatura e também uma pitada de figura de linguagem. Bora lá! 
 
O autor desse texto narra de forma bem pessoal suas experiências e sentimentos em relação aos animais, e o lance aqui é identificar onde ocorre a personificação, que é quando damos características humanas a algo que não é humano, nesse caso, um canário! 
 
Vamos dar uma olhadinha nas alternativas e desvendar esse mistério: 
 
A) "Era um canário ordinário." - Aqui, o autor só nos está dando uma descrição do canário, nada de características humanas. 
B) "liquidou entre os amigos a sua passarinhada." - Essa fala mais sobre uma ação do próprio Rubem Braga, não do canário. 
C) "nunca lera Bilac." - Olha só, aqui está a nossa personificação com humor! O canário, obviamente, não lê livros. Essa atribuição dá um toque humano (e engraçado!) ao pássaro, como se ele pudesse ter perdido algo por não ter lido Bilac, que é um conhecido poeta. 
D) "nunca fui de bichos." - Esse também não se encaixa, pois é mais uma confissão do próprio narrador sobre sua relação com animais. 
E) "o gato popular que anda pelos telhados." - Aqui simplesmente descreve o que um gato comum faz, andar pelos telhados, sem adicionar traços humanos. 
 
Portanto, a resposta correta aqui é realmente a alternativa C, por trazer essa ideia engraçada e humanizada de um canário que "nunca leu Bilac". Bem bacana, né? A literatura sempre nos surpreende com essas nuances!

Atacado de senso de responsabilidade, num momento de descrença de si mesmo, Rubem Braga liquidou entre os amigos a sua passarinhada. Às crianças aqui de casa tocaram um bicudo e um canário. O primeiro não aguentou a crise da puberdade, morrendo uns dias depois. O menino se consolou, forjando a teoria da imortalidade dos passarinhos: não morrera, afirmou-nos, com um fanatismo que impunha respeito ou piedade, apenas a sua alma voara para Pirapora, de onde viera. O garoto ficou firme com a sua fé. A menina manteve a possessão do canário, desses comuns, que mais cantam por boa vontade que por vocação. Não importa, conseguiu depressa um lugar em nossa afeição.

 Era um canário ordinário, nunca lera Bilac, e parecia feliz em sua gaiola. Nós o amávamos desse amor vagaroso e distraído com que enquadramos um bichinho em nossa órbita afetiva. Creio mesmo que se ama com mais força um animal sem raça, um pássaro comum, um cachorro vira-lata, o gato popular que anda pelos telhados. Com os animais de raça, há uma afetação que envenena um pouco o sentimento; com os bichos, pelo contrário, o afeto é de uma gratuidade que nos faz bem.

 Aos poucos surpreendi a mim, que nunca fui de bichos, e na infância não os tive, a programá-lo em minhas preocupações.
Verificava o seu pequeno coche de alpiste, renovava-lhe a água fresca, telefonava da rua quando chovia, meio encabulado perante mim mesmo com essa minha sentimentalidade tardia, mas que havia de fazer?

a densidade do escuro escondia tudo (1° parágrafo)

Saberiam nada mais do que o ruído (1° parágrafo)

Poderia descansar na sua provação (1° parágrafo)

A noite toda se foi medindo no exíguo espaço (2° parágrafo)

Foi quando Itaro distinguiu lucidamente (2° parágrafo)

Vamos aos paranauês do paradoxo! Um enunciado paradoxal é aquele pedaço do texto que parece contraditório ou opõe ideias que não costumam andar juntas. 
 
Na alternativa A, o texto "a densidade do escuro escondia tudo" soa meio paradoxal por dizer que a "densidade" (algo geralmente ligado à matéria) do "escuro" (ausência de luz) esconde tudo. No entanto, é mais uma descrição estilo poética do que um paradoxo real. 
 
Em B, "Saberiam nada mais do que o ruído" também não configura um paradoxo, é apenas uma afirmação sobre o conhecimento limitado dos personagens na situação descrita. 
 
Na opção C, temos "Poderia descansar na sua provação". Ó, aqui está o nosso verdadeiro paradoxo! "Descansar" e "provação" são conceitos que se chocam. Descansar implica uma sensação de alívio ou relaxamento, enquanto provação sugere dificuldade e sofrimento. Que encontro inusitado, né? 
 
D, "A noite toda se foi medindo no exíguo espaço", é mais uma expressão de ação contínua em um espaço limitado, sem um paradoxo evidente. 
 
Por fim, E, "Foi quando Itaro distinguiu lucidamente", é simplesmente uma declaração de clareza de pensamento, sem contradição. 
 
A alternativa correta é C.

O bafo largo do animal revelava-lhe o porte, mas a densidade do escuro escondia tudo. Estavam como dois ruídos inimigos em lugar nenhum. Saberiam nada mais do que o ruído e o odor de cada um. Mediam a mútua coragem e o mútuo medo sem se poderem ver. O artesão pensou. Se o predador estivesse capaz já o teria mordido avidamente. Por isso, talvez se salvasse se lhe evitasse a boca pousada para um ou outro lado. Fez contas. A respiração aflita do companheiro vinha da sua esquerda, precisava claramente de conservar-se à direita, longe de dentes, mais seguro. Julgou que à luz do dia veria o inimigo e alguém o acudiria. Se lhe descessem uma lâmina haveria de a enfiar nas tripas nervosas do bicho e o saberia morto. Poderia descansar na sua provação, que era já coisa bastante para o arreliado do espírito que costumava ter.

 A noite toda se foi medindo no exíguo espaço e prestou atenção àquela aflição contínua. Mas, com o dia, seguiu sem ver. A roda de céu que declinava ao chão transbordava, pelo que quase nada baixava. No fundo tão fundo eram só cegos. Foi quando Itaro distinguiu lucidamente o que lhe ocorria. Estar no fundo do poço era menos estar no fundo do poço e mais estar cego, igual a Matsu, a sua irmã. Estava, por fim, capturado pelo mundo da irmã. A menina habitava o radical puro da natureza.

O fragmento que você trouxe é um prato cheio pra quem curte uma análise mais profunda sobre como funcionam certos processos no nosso cérebro quando nos deparamos com diferentes tipos de mídia. Segura aí que vamos dissecar isso! O texto discute a relação entre a palavra escrita e a imagem, destacando como uma exige mais esforço intelectual para ser compreendida (a palavra escrita) enquanto a outra é quase instantaneamente absorvida pela consciência (a imagem). 
 
A abordagem do autor deixa bem clara a diferença entre esses dois modos de comunicação. Ele aponta o impacto psicológico que cada um tem e como isso afeta a maneira como as interpretamos. A palavra escrita é apresentada como um "sinal", algo que precisa de um trabalho mental para ser decifrado. É como se o cérebro tivesse que entrar numa academia e levantar uns pesos para entender o que está sendo dito. Já a imagem, é tipo aquele fast-food do entendimento: fácil, rápido e direto. 
 
Então, qual é a relação estabelecida aqui? Vamos às alternativas: comparação, amplificação, proporção, similaridade e inversão. Considerando que o texto claramente contrasta (ou seja, compara diante de diferenças, e não semelhanças) os dois elementos (palavra escrita e imagem), a alternativa que melhor descreve isso é comparação. Comparação não necessariamente implica em apontar apenas semelhanças, mas também diferenças significativas - nesse caso, a forma como cada um é processado mentalmente. 
 
A alternativa correta é A.

Independentemente de sua inserção num complexo social de mudança, a crise da palavra escrita em face da imagem explica- -se, igualmente, por motivos psicológicos. [...] a palavra escrita é um sinal, isto é, uma convenção que, para ser compreendida, deve antes provocar todo um sistema de esforço intelectual. A imagem, ao contrário, oferece-se por assim dizer diretamente à consciência: ela dispensa, em grande parte, o exercício crítico e “reconstrutor” exigido pelo sinal. Na diferença psicológica entre o sinal e a imagem reside todo o segredo do enorme prestígio desta última, do seu poder sugestivo infinitamente maior. A imagem não requer quase nada de colaboração por parte do homem: ela traz em si mesma o seu significado.

Ah, Esopo! Sempre trazendo os bichos pra cena principal com um estilo muito peculiar de ensinar a vida, não é mesmo? Bem, vamos desenrolar essa parada. Na fábula que você mencionou, a personificação é a estrela da vez. E isso aqui é um prato cheio de literatura! 
 
A personificação, ou prosopopeia, acontece quando atribuímos características humanas a animais, objetos ou conceitos abstratos. No caso dessa fábula, tanto o lobo quanto o cabrito estão batendo aquele papo sincero e mostrando uns sentimentos bem típicos de humanos—o cabrito pedindo pra dar um último show antes de virar janta, e o lobo aceitando tocar um som para o suposto último desejo do cabrito. É meio que um ‘The Voice’ na floresta, só que com participantes um pouco mais selvagens! 
 
Olha só, um eufemismo teria suavizado alguma coisa pesada; a hipérbole seria um exagero bem grandão; a antítese colocaria opostos frente a frente; e o pleonasmo seria como dizer "subir para cima". Mas aqui, o que Esopo fez foi dar vida aos animais, fazendo com que agissem e falassem como gente da gente. 
 
Esses elementos tornam a narrativa mais rica e capturam a atenção para transmitir os valores ou as ironias por trás da história. E nesse caso, revela uma ironia da vida real, né? O açougueiro virou músico por um minuto! 
 
A alternativa correta é A.

Um cabrito que ficou por último atrás do rebanho estava sendo perseguido por um lobo. Então ele se virou para o lobo e disse: “Lobo, estou conformado em ser sua comida. Mas, para que eu não morra de forma indigna, toque uma flauta para eu dançar.” E o lobo se pôs a tocar flauta e o cabrito, a dançar. Entretanto, os cães o ouviram e saíram no encalço do lobo. Então este se voltou e disse ao cabrito: “Isso é benfeito para mim, pois eu, que sou magarefe*, não devia me pôr a imitar um flautista.” 

*magarefe: indivíduo que abate e esfola as reses nos matadouros; açougueiro, carniceiro.

A questão tem o objetivo de avaliar os conhecimentos sobre figuras de linguagem. A) A hipérbole é uma figura de linguagem que apresenta um exagero. Não há presença de hipérbole na tirinha.B) Alternativa correta. O uso da personificação, atribuição de características humanas (falar) a uma barata, contribui para o efeito de humor da tirinha. Ao falar "é um livro que prende o leitor", há um duplo sentido, pois o dono do livro realmente "prende" a barata no meio do livro. O outro sentido seria que o livro "prende a atenção do leitor".C) O eufemismo é uma figura de linguagem que emprega termos mais agradáveis para suavizar uma expressão. Não há o uso de eufemismo na tirinha.D) A antítese é uma figura de linguagem expõe ideias opostas. Não há o uso de antítese na tirinha.E) O pleonasmo é a repetição de um termo ou ideia. Não há o uso de pleonasmo na tirinha.

Questões de Fundação Carlos Chagas - Português - Figuras de linguagem