E aí, tudo beleza? Vamos destrinchar essa questão! 
 
A pergunta pede para identificar um vocábulo usado exclusivamente em sentido figurado no contexto dado. Leitura atenta é super importante, então vamos lá! 
 
A palavra "virtude" no contexto tem um significado que podemos considerar literal, falando de um aspecto positivo de algo. Então, descartamos essa. 
 
Já "discriminação" pode parecer figurada, mas na verdade tem um significado bastante literal: a ação de discriminar, que pode ser tanto positivo quanto negativo, dependendo do contexto. 
 
A palavra "faculdade" é usada aqui como sinônimo de capacidade, habilidade. Não é um uso figurado, mas sim um sinônimo menos comum. 
 
O termo "esmero" é literalmente o capricho, a dedicação na execução de algo, portanto nada de figurado aqui. 
 
Por fim, "cegueira" é descrito no contexto como uma falta de percepção das virtudes de algo que não é idêntico ao observador. Evidentemente, isso não é cegueira no sentido literal de não enxergar fisicamente, mas sim um estado metafórico de falta de percepção ou de consciência. Bingo! É uso exclusivamente figurado! 
 
Dessa forma, com um papo reto e uma análise minuciosa, a gente conclui que a alternativa correta é E.

O fato de a beleza aplicar-se a certas coisas e não a outras,
o fato de ser um princípio de discriminação constituiu,
no passado, a sua força e a sua atração. A beleza pertencia à
família de ideias que estabelecem escalas e casava bem com
uma ordem social sem remorsos quanto à posição, classe,
hierarquia e ao direito de excluir.
O que antes havia sido uma virtude do conceito passou
a ser o seu defeito. A discriminação, antes uma faculdade
positiva (significava julgamento refinado, padrões elevados,
esmero), tornou-se negativa: significava preconceito, intolerância,
cegueira para as virtudes daquilo que não era idêntico
a quem julgava.
O movimento mais forte e mais bem-sucedido contra a
beleza ocorreu nas artes: beleza — e dar importância à beleza
— era restritivo; como reza a expressão corrente, elitista.
Nossas apreciações, assim sentiam, poderiam ser muito mais
inclusivas se disséssemos que algo, em vez de ser belo, era
“interessante”.
Claro, quando as pessoas diziam que uma obra de arte
era interessante, isso não significava que necessariamente
tivessem gostado — muito menos que a achassem bela. Em
geral significava apenas que achavam que deviam gostar. Ou
que gostavam, mais ou menos, embora não fosse bela. Ou
podiam definir algo como interessante a fim de evitar a banalidade
de chamá-lo de belo. A fotografia foi a arte em que “o
interessante” triunfou primeiro, e bem cedo: a nova maneira
fotográfica de ver propunha que tudo era um tema potencial
para a câmera. O belo não poderia consentir numa gama tão
vasta de temas.
O amplo emprego do “interessante” como critério de valor
acabou, inevitavelmente, enfraquecendo o seu gume transgressivo.
O que resta da antiga insolência repousa sobretudo
no seu desdém pelas consequências das ações e dos julgamentos.
O interessante é, agora, sobretudo uma ideia consumista,
vergada sob o peso da ampliação do seu domínio:
quanto mais coisas se tornam interessantes, mais o mercado
se expande.

Briga de irmãos... Nós éramos cinco e brigávamos
muito...

... inclusive xingamentos, que nos deixavam de boca
aberta...

... a viagem se fazia a cavalo, dez léguas na estrada
lamacenta...

Miguel era o mais velho, e fora fazer o seu ginásio.

... embora cada um de nós trouxesse na pele a marca
de sua autoridade.

E aí, pessoal! Nesse trecho que você trouxe, vamos identificar uma expressão usada em sentido figurado, ou seja, aquela expressão que não deve ser entendida literalmente, mas sim de modo simbólico, para dar maior expressividade ao texto. 
 
<ul> 
<li>Alternativa A - "Briga de irmãos" parece literal, né? Os irmãos brigavam de fato, então essa tá fora.</li> 
<li>Alternativa B - "de boca aberta" é um clássico da linguagem figurada. Ninguém estava com a boca realmente aberta, mas essa expressão passa a ideia de surpresa ou admiração. Basicamente, os irmãos ficavam chocados com os xingamentos que Miguel usava.</li> 
<li>Alternativa C - "estrada lamacenta" é bem literal mesmo. A estrada estava cheia de lama, simples assim.</li> 
<li>Alternativa D - "o mais velho" também é literal, apenas descreve uma condição de idade de Miguel.</li> 
<li>Alternativa E - "na pele" poderia causar uma confusão, já que tocar nesse ponto da figuratividade é bem comum. Porém, no contexto, indica literalmente que os efeitos da autoridade de Miguel eram sentidos de forma bem concreta e até física pelos irmãos.</li> 
</ul> 
 
Então, a expressão usada em sentido figurado, que nos dá aquele toque especial de surpresa ou choque é a "de boca aberta". As pessoas não permaneciam de fato com as bocas abertas, e sim surpresas com o que ouviam. 
 
alternativa correta é B.

Briga de irmãos... Nós éramos cinco e brigávamos muito,
recordou Augusto, olhos perdidos num ponto X, quase sorrindo.
Isto não quer dizer que nos detestássemos. Pelo contrário.
A gente gostava bastante uns dos outros e não podia viver
na separação. Se um de nós ia para o colégio (era longe o
colégio, a viagem se fazia a cavalo, dez léguas na estrada
lamacenta, que o governo não consertava), os outros ficavam
tristes uma semana. Depois esqueciam, mas a saudade do
mano muitas vezes estragava o nosso banho no poço, irritava
ainda mais o malogro da caça de passarinho: “Se Miguel estivesse aqui, garanto que você não deixava o tiziu fugir”, gritava
Édison. “Você assustou ele falando alto... Miguel te quebrava a
cara”. Miguel era o mais velho, e fora fazer o seu ginásio. Não
se sabe bem por que a sua presença teria impedido a fuga
do pássaro, nem ainda por que o tapa no rosto de Tito, com o
tiziu já longínquo, teria remediado o acontecimento. Mas o fato
é que a figura de Miguel, evocada naquele instante, embalava
nosso desapontamento e de certo modo participava dele,
ajudando-nos a voltar para casa de mãos vazias e a enfrentar
o risinho malévolo dos Guimarães: “O que é que vocês
pegaram hoje?” “Nada”. Miguel era deste tamanho, impunha-
-se. Além disto, sabia palavras difíceis, inclusive xingamentos,
que nos deixavam de boca aberta, ao explodirem na discussão,
e que decorávamos para aplicar na primeira oportunidade, em
nossas brigas particulares com os meninos da rua. Realmente,
Miguel fazia muita falta, embora cada um de nós trouxesse na
pele a marca de sua autoridade. E pensávamos com ânsia no
seu regresso, um pouco para gozar de sua companhia, outro
pouco para aprender nomes feios, e bastante para descontar
os socos que ele nos dera, o miserável.

… com a minha crônica de domingo… (1º parágrafo)

Fico feliz por me citar entre seus “colunistas preferidos”…
(2º parágrafo)

… mas me pergunto se o elogio foi sincero ou só
uma gentileza. (2º parágrafo)

Não o faço por desvio de caráter nem para irritá-la…
(3º parágrafo)

… para lubrificar as engrenagens do maquinário
noticioso…
(3º parágrafo)

E aí! Vamos desenrolar essa pergunta esmiuçando o uso de linguagem figurada no contexto do texto, que é algo sempre bem pegado nos concursos, né? 
 
O papo aqui é sobre a expressão “para lubrificar as engrenagens do maquinário noticioso”. Mano, isso é claramente uma metáfora! Traduzindo em miúdos: o cronista tá se ligando que o trabalho dele não é só despejar fatos, mas também dar uma suavizada, fazer a roda girar mais leve com um toquezinho de humor e descompromisso. Imagine como se o noticiário fosse uma máquina pesada que às vezes precisa de uma lubrificação pra não ficar enguiçado na só na tragédia e na seriedade. 
 
Assim, o uso de "lubrificar" e "engrenagens" aqui é totalmente figurativo, já que ele não está realmente usando óleo WD-40 no jornal, certo? É uma maneira de dizer que ele adiciona elementos que tornam a digestão das notícias mais amena. 
 
Vamos para as outras opções, rapidão: 
 
A) “...com a minha crônica de domingo...” - Literal, sem figuras de linguagem. 
B) “Fico feliz por me citar entre seus ‘colunistas preferidos’...” - Também literal, sem enfeites linguísticos. 
C) “...mas me pergunto se o elogio foi sincero ou só uma gentileza.” - Tá na linha literal também. 
D) “Não o faço por desvio de caráter nem para irritá-la...” - Direto ao ponto, sem uso de figuras de linguagem. 
 
Então, meu caro, a alternativa correta é E. É isso que deixa a resposta mais descolada e conectada com a necessidade de interpretação de metáforas. Curtiu?

Cara Beatriz: na última terça (8) você escreveu aqui pro
jornal se dizendo espantada com a minha crônica de domingo
(6); “após uma semana de fatos surpreendentes na política”,
“num momento tão importante para uma boa análise”,
um de seus “colunistas preferidos” havia se saído com um
texto “bobo e sem propósito”.
Fico feliz por me citar entre seus “colunistas preferidos”,
mas me pergunto se o elogio foi sincero ou só uma gentileza.
Afinal, quase toda semana o Brasil nos brinda com “fatos
surpreendentes na política” e quase todo domingo, em vez de
uma “boa análise”, publico textos que poderiam ser considerados
bobos e sem propósito.
Não o faço por desvio de caráter nem para irritá-la,
Beatriz, mas por dever de ofício. O cronista é um cara pago
para lubrificar as engrenagens do maquinário noticioso com
um pouco de graça, de despropósito e – vá lá, por que não? –
de bobagem. Minha função é lembrar o leitor desolado entre
bombas na Síria, tiros na Rocinha e patacoadas em Brasília
que este mundo também comporta mangas maduras, Monty
Python, Pixinguinha.
O Rubem Braga atravessou duas ditaduras e seu maior
libelo à liberdade não é um texto contra o pau de arara, mas
uma carta/crônica ao vizinho que havia reclamado do barulho.
Lamento, Beatriz, mas atualmente a única “boa análise”
que tenho sido capaz de fazer é às quintas, 15h, deitado num
divã na rua Apiacás – e nem sempre é assim tão boa.
Um abraço,

Basta recordar a persistente crença sobre a falsidade
das viagens tripuladas à Lua... (2º parágrafo)

... de modo a favorecer interesses e prejudicar adversários.
(3º parágrafo)

... não é difícil que os rumores se disseminem sem
serem confrontados... (5º parágrafo)

... é a prática do bom jornalismo, comprometido com
a veracidade dos fatos que relata... (6º parágrafo)

Embora haja remédios legais para reparar os excessos...
(7º parágrafo)

Vamos fazer uma análise descolada dessas alternaas, falando sobre o uso de termos em sentido figurado! Sensacional, não? Então, bora lá entender cada uma delas: 
 
<ul> 
<li>A) "Basta recordar a persistente crença sobre a falsidade das viagens tripuladas à Lua...": Aqui, o termo "persistente" é usado literalmente, indicando algo que continua ocorrendo por um longo período.</li> 
 
<li>B) "... de modo a favorecer interesses e prejudicar adversários.": Nessa opção, não há termos em sentido figurado; tudo é bem direto e literal, falando sobre favorecimento e prejuízo de maneira clara e objetiva.</li> 
 
<li>C) "... não é difícil que os rumores se disseminem sem serem confrontados...": "Disseminar" aqui é literal, no contexto de espalhar ou propagar informação (ou, neste caso, rumores).</li> 
 
<li>D) "... é a prática do bom jornalismo, comprometido com a veracidade dos fatos que relata...": Tudo nesse trecho também é usado literalmente, referindo-se à prática jornalística honesta e séria.</li> 
 
<li>E) "Embora haja remédios legais para reparar os excessos...": E aqui está nosso figurativo! "Remédios legais" é uma expressão que usa "remédios" de forma figurativa, referindo-se a soluções ou correções legais para problemas ou abusos, não a medicamentos. Quem diria que a linguagem jurídica também tem essa pegada mais metafórica, né?</li> 
</ul> 
 
De uma forma mais relax e direta, o figurativo entra em ação em situações que a gente não espera. A expressão "remédios legais" arrasa ao trazer essa vibe mais figurada de solução ou remédio no contexto legal, mesmo que a gente não vá correr para a farmácia. E por isso, a alternativa correta é E.

Notícias falsas sempre circularam. Sobretudo nos estratos
menos expostos ao jornalismo e a outras formas de conhecimento
verificável, boatos encontram terreno para se propagar.
Basta recordar a persistente crença sobre a falsidade das
viagens tripuladas à Lua, cujas imagens teriam sido forjadas
pela Nasa. No âmbito nacional, murmurou-se durante anos
que o presidente Tancredo Neves fora vítima de um atentado
que se dissimulara como doença.
A novidade é que as redes sociais da internet se mostram
o veículo ideal para a difusão de notícias falsas. Não apenas
estapafúrdias, como seria de esperar, mas às vezes inventadas
de modo a favorecer interesses e prejudicar adversários.
A circulação instantânea, própria desse meio, propicia a
formação de ondas de credulidade. Estimuladas pelos algoritmos
das empresas que integram o oligopólio da internet,
essas ondas conferem escala e ritmo inéditos à tradicional
circulação de boatos.
Dado que as pessoas, nas redes sociais, tendem a se
agregar por afinidade de crenças, não é difícil que os rumores
se disseminem sem serem confrontados por crítica ou
contraponto.
O melhor antídoto para os males da liberdade de expressão
é a própria liberdade de expressão, que tende a encontrar
formas de se autocorrigir. E o melhor antídoto contra as
falsidades apresentadas como jornalismo é a prática do bom
jornalismo, comprometido com a veracidade dos fatos que relata
e com a pluralidade de pontos de vista no que concerne
às questões controversas.
Embora haja remédios legais para reparar os excessos, a
maioria dos casos passará despercebida no ruído incessante
da internet.

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