 à discrepância entre sua serenidade e a imagem que ele fazia de si próprio.

 à paz de espírito que ele havia alcançado mesmo sendo um assassino.

 ao grau de erudição exibido por um homem pertencente à classe trabalhadora.

 à maneira como ele agia contraditoriamente ao maldizer a própria sabedoria.

Em "a": Certo –&nbsp; A contradição entre o semblante do velho negociante e o seu passado cruel fez com que o major Quaresma ficasse admirado com o negociante da Rua dos Pescadores. Em "b": Errado –&nbsp; O texto não nos diz que ele alcançou a paz de espírito. Em "c": Errado –&nbsp; Também não se refere ao cultismo, ou seja, ao grau de erudição. Em "d": Errado –&nbsp; Refere-se à maneira como ele agia contraditoriamente ao seu passado. Resposta: Letra A.

Quaresma viveu lá, no manicômio, resignadamente, conversando com os seus companheiros, onde via ricos que se diziam pobres, pobres que se queriam ricos, sábios a maldizer da sabedoria, ignorantes a se proclamarem sábios; mas, deles todos, daquele que mais se admirou, foi de um velho e plácido negociante da Rua dos Pescadores que se supunha Átila1. Eu, dizia o pacato velho, sou Átila, sabe? Sou Átila. Tinha fracas notícias da personagem, sabia o nome e nada mais. Sou Átila, matei muita gente – e era só.

 Saiu o major mais triste ainda do que vivera toda a vida. De todas as cousas tristes de ver, no mundo, a mais triste é a loucura; é a mais depressora e pungente.

 Aquela continuação da nossa vida tal e qual, com um desarranjo imperceptível, mas profundo e quase sempre insondável, que a inutiliza inteiramente, faz pensar em alguma cousa mais forte que nós, que nos guia, que nos impele e em cujas mãos somos simples joguetes.

 Em vários tempos e lugares, a loucura foi considerada sagrada, e deve haver razão nisso no sentimento que se apodera de nós quando, ao vermos um louco desarrazoar, pensamos logo que já não é ele quem fala, é alguém, alguém que vê por ele, interpreta as cousas por ele, está atrás dele, invisível!...

1 Átila: rei dos hunos, governou o maior império europeu de seu tempo, desde o ano 434 até sua morte em 453; muitas lendas o retratam como um imperador violento e cruel.

Em "a": Errado –&nbsp; Todas as opções estão corretas, pois todas elas descrevem um típico personagem quixotesco: sonhador, romântico, ingênuo, utópico e lunático. Em "b": Errado –&nbsp; A obsessão nacionalista, isto é, o fanatismo, é típico de personagens quixotescos. Em "c": Errado –&nbsp; A ingenuidade também é uma forte característica. Em "d": Certo –&nbsp; Todas as assertivas representam um típico personagem quixotesco. Resposta: Letra D.

 Raízes do Brasil – ideias nazifascistas

 Grande Sertão Veredas – ideias totalitárias

 Casa Grande e Senzala – ideias neoliberais

Euclides da Cunha é um notório escritor e sociólogo brasileiro, cuja obra mais proeminente é "Os Sertões", um texto fundamental para entender não apenas a guerra de Canudos, mas também amplas questões socioeconômicas e culturais do Brasil de sua época. Esta obra incorpora um profundo estudo sobre a resistência dos sertanejos contra o governo brasileiro e possui grande apelo literário e jornalístico. Portanto, "Os Sertões" pode, sem dúvida, ser identificada como a obra citada no enunciado da questão.

<ul>
 <li>Alternativa A: Os Sertões – ideias liberais: Euclides da Cunha em "Os Sertões" apresenta uma visão crítica da realidade brasileira, analisando a complexidade das relações sociais em um Brasil profundamente marcado por disparidades regionais. É importante notar que, embora a obra não seja um tratado explícito sobre ideias liberais, o contexto de industrialização e avanço das ideias políticas europeias impregnava parte do debate intelectual na época, onde predominavam correntes liberais.</li>

 <li>Alternativa B: Vidas Secas – ideias marxistas: Esta alternativa se refere a uma obra de Graciliano Ramos, não de Euclides da Cunha, e está diretamente relacionada ao Modernismo brasileiro, tratando da dura realidade dos retirantes nordestinos, não tendo relação direta com o contexto das universidades europeias.</li>

 <li>Alternativa C: Raízes do Brasil – ideias nazifascistas: "Raízes do Brasil" é de Sérgio Buarque de Holanda e discute as peculiaridades da formação social brasileira, portanto, não possui relação com Euclides da Cunha ou ideias nazifascistas.</li>

 <li>Alternativa D: Grande Sertão: Veredas – ideias totalitárias: Obra-prima de Guimarães Rosa, esta obra desdobra-se em narrativas sobre o sertão mineiro, distante dos debates totalitários europeus e não é de autoria de Euclides da Cunha.</li>

 <li>Alternativa E: Casa Grande e Senzala – ideias neoliberais: Gilbero Freyre é o autor desta obra e explora a formação sociocultural do Brasil, o que também não relaciona com as ideias neoliberais nem com as universidades e salões da Europa mencionados no enunciado.</li>
</ul>

Em síntese, a análise das alternativas reforça que a obra e o contexto intelectual descritos no enunciado da questão identificam-se com a alternativa A, onde "Os Sertões" se alinha aos debates liberais da época. Assim, a alternativa correta é A.

    Euclides da Cunha – engenheiro, escritor, ativista republicano em 1889 e autor de [...] uma das mais importantes obras literárias brasileiras – certa vez definiu o Brasil como “o único caso histórico de uma nacionalidade feita por uma teoria política”. Segundo ele, as instituições nacionais construídas no Império baseavam-se em conceitos políticos e filosóficos importados de fora, que pouco tinham a ver com a realidade observada nas ruas e nos campos de um território ermo, pobre e atrasado. O Brasil da teoria era diferente do Brasil da prática.

    A construção desse país de sonhos estava confiada a uma aristocracia relativamente pequena, que mandava seus filhos estudar na França e na Inglaterra, [...] mas tirava sua riqueza da exploração da mão de obra cativa e do latifúndio.


 O fazedor de amanhecer, Livro sobre nada.

 Memórias inventadas, Exercícios de ser criança.

 Arranjos para assobio, Compêndio para uso dos pássaros.

Manoel de Barros foi um poeta brasileiro conhecido por sua linguagem peculiar, sua forma inovadora de usar as palavras e seu foco na natureza e no cotidiano mais simples. Sua obra é caracterizada por uma linguagem inventiva que busca explorar novas formas de expressão e percepção do mundo, frequentemente focando em temas como o despojamento material, a valorização do insignificante e a infância.

<ul>
<li>Alternativa A: "O fazedor de amanhecer" e "Livro sobre nada" são, de fato, obras de Manoel de Barros. Ambas mostram a habilidade do poeta em transformar o ordinário em poético, utilizando elementos da natureza e a simplicidade da vida como inspiração.</li>

<li>Alternativa B: "Memórias inventadas" e "Exercícios de ser criança" também são obras pertencentes a Manoel de Barros. Estes títulos refletem sua tendência a relembrar e recriar a infância de uma maneira poética e imaginativa, elementos recorrentes em sua escrita.</li>

<li>Alternativa C: "Espectros" e "Vaga música" não são obras de Manoel de Barros. "Espectros" é uma obra de Gilberto Freyre, e "Vaga música" é um livro de Cecília Meireles, destacando-se assim como a alternativa correta, uma vez que não inclui obras do poeta em questão.</li>

<li>Alternativa D: "Arranjos para assobio" e "Compêndio para uso dos pássaros" são de fato trabalhos de Manoel de Barros. Estes livros exibem sua capacidade de captar a essência da vida rural e da natureza, elementos frequentemente explorados em sua poesia.</li>
</ul>

Considerando esses aspectos, a alternativa correta é C, pois as obras "Espectros" e "Vaga música" não são de Manoel de Barros, mas sim de outros autores brasileiros consagrados.

É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
Tudo que não invento é falso.
Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
Tem mais presença em mim o que me falta.
Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.
Sou muito preparado de conflitos.
Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
O meu amanhecer vai ser de noite.
Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção.
O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo.
Meu avesso é mais visível do que um poste.
Sábio é o que adivinha.
Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições.
A inércia é meu ato principal.
Não saio de dentro de mim nem para pescar.
Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore.
Estilo é um modelo anormal de expressão: é estigma.
Peixe não tem honras nem horizontes.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando não desejo contar nada, faço poesia.
Eu queria ser lido pelas pedras.
As palavras me escondem sem cuidado.
Aonde eu não estou as palavras me acham.
Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
Uma palavra abriu o roupão para mim. Ela deseja que eu a seja.
A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos
desejos.
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Esta tarefa de cessar é que puxa minhas frases para antes de mim.
Ateu é uma pessoa capaz de provar cientificamente que não é nada. Só se compara aos santos. Os santos
querem ser os vermes de Deus.
Melhor para chegar a nada é descobrir a verdade.
O artista é erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
Por pudor sou impuro.
O branco me corrompe.
Não gosto de palavra acostumada.
A minha diferença é sempre menos.
Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.
Não preciso do fim para chegar.
Do lugar onde estou já fui embora.

No enunciado da questão, são listadas diversas características que são emblemáticas de um determinado movimento literário. Vamos analisar cada uma das alternativas oferecidas para identificar a qual movimento literário esses traços se alinham mais claramente:

<ul>
<li>Realismo: Caracterizado pela objetividade e pela crítica social, foca na representação fiel da realidade, frequentemente abordando as contradições sociais. Não enfatiza, portanto, elementos como idealismo, escapismo ou valorização excessiva das emoções.</li>
<li>Naturalismo: Um ramo do Realismo, o Naturalismo aprofunda a investigação científica e determinista do comportamento humano, tendo uma abordagem ainda menos romântica e idealizada do que o Realismo. Também não se enquadra na descrição do enunciado.</li>
<li>Romantismo: Este movimento literário é conhecido pela liberdade criativa, pelo forte individualismo, pela valorização das emoções e da natureza, além de um marcado idealismo. O medievalismo e a religiosidade também são características frequentes, assim como o patriotismo (nacionalismo) e o historicismo. As descrições do enunciado encaixam-se perfeitamente nas características romantistas.</li>
<li>Parnasianismo: Movimento que preza pela forma e pela perfeição técnica, com temas clássicos e universais, evitando as efusões emocionais características do Romantismo. O Parnasianismo foca na "arte pela arte", distanciando-se dos traços listados no enunciado.</li>
</ul>

Levando em consideração os elementos citados no enunciado, está claro que eles se alinham mais estreitamente com o Romantismo. Este movimento enfatizava o individualismo, a emoção, a natureza e frequentemente explorava temas históricos e nacionais, juntamente com elementos religiosos e um certo grau de pessimismo e escapismo, características que harmonizam completamente com a descrição fornecida.

Portanto, a alternativa correta é C.

Questões de Literatura - Pré-Modernismo