 “Nota que eu não faço do homem um simples veículo de Humanitas” 

 “O acordo é universal, desde os campos da Idumeia até o alto da Tijuca” 

 “estuda a inveja, esse sentimento tão subtil e tão nobre” 

 “o algoz que executa o condenado pode excitar o vão clamor dos poetas”

Em "a": Errado – Ao fazer uso da primeira pessoa do singular "eu", não se lança mão de uma generalização, visto que parte de um ponto de vista subjetivo. Em "b": Certo – O próprio uso da palavra "universal" já implica uma generalização, pois se englobam vários fatores. Em "c": Errado – Trata-se especificamente da inveja, ou seja, uma especificação. Em "d": Errado – Nesse caso, trata-se de uma exemplificação; ou seja, o exemplo do algoz. Resposta: Letra B.

    Imagina, por exemplo, que eu não tinha nascido, continuou o Quincas Borba; é positivo que não teria agora o prazer de conversar contigo, comer esta batata, ir ao teatro e para tudo dizer numa só palavra: viver. Nota que eu não faço do homem um simples veículo de Humanitas; não, ele é, ao mesmo tempo, veículo, cocheiro e passageiro; ele é o próprio Humanitas reduzido; daí a necessidade de adorar-se a si próprio. Queres uma prova da superioridade do meu sistema? Contempla a inveja. Não há moralista grego ou turco, cristão ou muçulmano, que não troveje contra o sentimento da inveja. O acordo é universal, desde os campos da Idumeia até o alto da Tijuca. Ora bem; abre mão dos velhos preconceitos, esquece as retóricas rafadas e estuda a inveja, esse sentimento tão subtil e tão nobre. Sendo cada homem uma redução de Humanitas, é claro que nenhum homem é fundamentalmente oposto a outro homem, quaisquer que sejam as aparências contrárias. Assim, por exemplo, o algoz que executa o condenado pode excitar o vão clamor dos poetas; mas substancialmente é Humanitas que corrige em Humanitas uma infração da lei de Humanitas. O mesmo direi do indivíduo que estripa a outro; é uma manifestação da força de Humanitas. Nada obsta (e há exemplos) que ele seja igualmente estripado. Se entendeste bem, facilmente compreenderás que a inveja não é senão uma admiração que luta, e sendo a luta a grande função do gênero humano, todos os sentimentos belicosos são os mais adequados à sua felicidade. Daí vem que a inveja é uma virtude.


Enunciado: A obra citada pertence a qual estilo de época?

O trecho apresentado é extraído de "Dom Casmurro", uma das obras mais emblemáticas de Machado de Assis, situada primeiramente no estilo de época conhecido como Realismo. A análise das alternativas a seguir leva em consideração as características literárias predominantes em cada movimento mencionado.

<ul>
<li>A) Naturalismo: O Naturalismo, apesar de contemporâneo ao Realismo, possui uma abordagem mais cientificista e determinista dos comportamentos humanos, focando em personagens muitas vezes marginais e com uma descrição quase patológica de suas ações. O trecho de "Dom Casmurro" não apresenta estas características, sendo mais introspectivo e psicológico.</li>
<li>B) Realismo: "Dom Casmurro" é uma obra realista. Machado de Assis utiliza uma narrativa que explora de maneira profunda a psicologia dos personagens, em especial, a perspectiva de Bentinho, o protagonista. A preocupação com a forma de relatar os acontecimentos de maneira verossímil, explorando conflitos internos e a complexidade do comportamento humano, é uma característica marcante do Realismo. O trecho exibido reflete a interioridade do protagonista, sua percepção sobre as próprias emoções e realidades, alinhando-se ao ideal realista de fidelidade à natureza humana e sua condição social.</li>
<li>C) Romantismo: Embora o trecho demonstre emoção e introspecção, ele não se encaixa no Romantismo, que é tipicamente marcado pela idealização, pela liberdade criativa e pela exaltação da natureza. O foco de Machado está na análise crítica e detalhada da sociedade e dos sentimentos humanos, sem a idealização romântica.</li>
<li>D) Modernismo: Este movimento é posterior à época de Machado de Assis. Caracteriza-se pela ruptura com os estilos anteriores, experimentações formais e temáticas inovadoras, o que distingue claramente de "Dom Casmurro".</li>
</ul>

Portanto, a análise do trecho e o conhecimento sobre os movimentos literários indicam claramente que a obra "Dom Casmurro" de Machado de Assis, denota as características do Realismo, especialmente na maneira como Bentinho relata sua experiência e sentimentos. Assim, a alternativa correta é B.


    “Meses depois fui para o seminário de São José. Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há nisto alguma exageração; mas é bom ser enfático, uma ou outra vez, para compensar este escrúpulo de exatidão que me aflige.

    Entretanto, se eu me ativer só à lembrança da sensação, não fico longe da verdade; aos quinze anos, tudo é infinito. Realmente, por mais preparado que estivesse, padecia muito. Minha mãe também padeceu, mas sofria com alma e coração; demais, o Padre Cabral achara um meio-termo: experimentar-me a vocação; se no fim de dois anos, eu não revelasse vocação eclesiástica, seguiria outra carreira.”

 O fragmento “este escrúpulo de exatidão que me aflige” mostra as preocupações românticas do narrador.

 O fragmento do texto é inteiramente narrativo, abrangendo fatos da vida do narrador.

 O narrador do texto é um personagem da história narrada, daí que não possa ser onisciente.

 A história é narrada em terceira pessoa, para que haja distanciamento de uma visão crítica.

O exame cuidadoso do trecho oferecido do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, permite uma reflexão aprofundada sobre a técnica narrativa empregada, bem como os recursos estilísticos que caracterizam o Realismo na literatura brasileira. Analisemos cada alternativa à luz dessas informações:

<ul>
<li>A) "O fragmento 'este escrúpulo de exatidão que me aflige' mostra as preocupações românticas do narrador." - Esta alternativa é incorreta. A preocupação com a "exatidão" e o reconhecimento explícito de uma "exageração" são características típicas do Realismo, movimento que se contrapõe ao Romantismo. Machado de Assis frequentemente incorpora elementos metaficcionais e autocríticos, onde o narrador questiona e comenta sobre sua própria narrativa, aspectos mais inerentes ao Realismo, que busca uma representação mais fiel e crítica da realidade.</li>

<li>B) "O fragmento do texto é inteiramente narrativo, abrangendo fatos da vida do narrador." - Embora o fragmento inclua fatos autobiográficos do narrador, sua composição vai além do meramente narrativo ao introduzir reflexões sobre o ato de narrar, revelando assim uma complexidade metaficcional. Portanto, essa alternativa é parcial e não abrange a inteireza do conteúdo apresentado.</li>

<li>C) "O narrador do texto é um personagem da história narrada, daí que não possa ser onisciente." - Esta afirmativa é correta. No trecho, o narrador-personagem, Bentinho, confessa suas emoções e reflexões pessoais, o que implica que ele tem conhecimento limitado apenas à sua própria experiência. Ele não demonstra conhecimento dos pensamentos ou emoções de outros personagens fora de suas interações diretas, indicando uma natureza não onisciente.</li>

<li>D) "A história é narrada em terceira pessoa, para que haja distanciamento de uma visão crítica." - Esta alternativa não corresponde ao trecho dado nem à obra como um todo. Dom Casmurro é famoso por sua narração em primeira pessoa, que é justamente utilizada para explorar a subjetividade e possíveis ambiguidades na narrativa. Assim, essa escolha não visa o distanciamento, mas sim uma imersão mais profunda na perspectiva de Bentinho.</li>
</ul>

Portanto, após considerar cada alternativa detidamente, concluímos que a alternativa correta é C.

O enunciado da questão propõe uma análise comparativa entre movimentos literários distintos, buscando estabelecer uma relação de paralelo entre as gerações do Modernismo e outras escolas literárias. Para entender a alternativa correta, é essencial discutir brevemente as características de cada opção apresentada e como se relacionam com as fases do Modernismo.

<ul>
<li>A) o Simbolismo. O Simbolismo, movimento antecessor ao Modernismo no Brasil, é marcado por uma linguagem mais subjetiva, uso de simbologia e musicalidade das palavras. No entanto, relação direta com a segunda fase do Modernismo, que é mais voltada para a crítica social e para uma literatura engajada, é menos perceptível, fazendo desta opção uma comparação imprecisa.</li>

<li>B) o Realismo. Esta opção é coerente, pois tanto o Realismo quanto a segunda fase do Modernismo (também conhecida como fase antropofágica ou de 1930) têm forte caráter de crítica social, foco na realidade da sociedade de sua época e abordagem de temas cotidianos sob um viés crítico. Escritores da segunda fase modernista, como Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto, demonstram essas similaridades pela objetividade e denúncia social, próximo ao que Machado de Assis e Aluísio Azevedo fizeram no Realismo.</li>

<li>C) a segunda geração do Romantismo. Conhecida como "ultrarromantismo", essa geração primava pelo subjetivismo e o lirismo exacerbado, características opostas às da segunda geração modernista que adotava uma postura mais realista e objetiva. Portanto, essa opção não se alinha adequadamente.</li>

<li>D) o Arcadismo. O Arcadismo, movimento do século XVIII, caracteriza-se pelo bucolismo e a vida simples como forma de crítica à vida cortesã. Apesar de sua função crítica, a forma de expressão é bastante distante da crítica direta e do envolvimento com problemas contemporâneos evidentes na segunda fase do Modernismo.</li>
</ul>

Portanto, considerando que a segunda fase do Modernismo tem forte vinculação com a crítica social e análise detida da realidade, similar ao que acontece no Realismo, a alternativa correta é B.

Enunciado da questão:

O Realismo, no Brasil, iniciou-se em 1881 com a obra:

<ul>
<li>A) Dom Casmurro</li>
<li>B) Memórias Póstumas de Brás Cubas.</li>
<li>C) O Mulato</li>
<li>D) O Ateneu</li>
</ul>

Fundamentação:

O Realismo é um movimento literário que surgiu na segunda metade do século XIX como uma reação às idealizações do Romantismo, buscando uma representação mais fiel e crítica da realidade. Este movimento literário caracteriza-se por uma abordagem mais analítica e crítica das instituições sociais e dos comportamentos humanos.

<ul>
<li>A) Dom Casmurro: Escrita por Machado de Assis, esta obra é de fato um importante romance do Realismo brasileiro, mas foi publicado posteriormente, em 1899. Portanto, não marca o início do Realismo no Brasil.</li>
<li>B) Memórias Póstumas de Brás Cubas: Também de Machado de Assis, este romance foi publicado em 1881 e é frequentemente citado como a obra que inaugura o Realismo no Brasil. A obra se destaca pela ruptura com a narrativa linear e pelo uso de um defunto como narrador, refletindo uma nova forma de abordar a literatura, com ironias e críticas à sociedade da época.</li>
<li>C) O Mulato: Escrito por Aluísio Azevedo, este romance é importante dentro do contexto do Realismo brasileiro, porém foi publicado em 1881, no mesmo ano que "Memórias Póstumas de Brás Cubas", mas não foi tão determinante para definir o início do movimento.</li>
<li>D) O Ateneu: Esta obra, escrita por Raul Pompeia, foi publicada em 1888 e, embora seja uma crítica profunda às instituições educacionais e faça parte do Realismo, não marca o início do movimento.</li>
</ul>

Portanto, a análise detalhada dos romances e da cronologia das publicações nos leva a concluir que a obra que marca o início do Realismo no Brasil é "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis, que inovou ao introduzir a ficção realista crítica no país. Assim, a alternativa correta é B).

Questões de Literatura - Realismo