Análise da Questão:

A palavra “sofá”, presente na linha 3 do texto, é um exemplo claro de oxítona acentuada graficamente. As oxítonas são palavras cuja última sílaba é tônica. Segundo as regras de acentuação, as palavras oxítonas terminadas em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)”, “em” e “ens” devem receber acento gráfico. Portanto, “sofá” possui acento por ser uma oxítona terminada em “a”. Essa regra se aplica também à palavra “babá”, que, assim como “sofá”, é uma oxítona terminada em “a”.

Vamos analisar, então, cada alternativa:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
<li>A) babá: Assim como “sofá”, “babá” é uma oxítona com a tônica na última sílaba e termina em “á”, recebendo, portanto, acento. Essa alternativa está correta.</li>
<li>B) árvore: “Árvore” é uma palavra paroxítona, pois a sílaba tônica não é a última. O acento agudo em “árvore” tem a função de indicar a tonicidade, mas sua classificação gramatical é diferente. Portanto, não obedece à mesma regra que “sofá”.</li>
<li>C) índio: Na palavra “índio”, a tonicidade recai na sílaba “ín”, mas ela é classificada como paroxítona, e o acento em “í” não se justifica pelo mesmo motivo que em “sofá”.</li>
<li>D) sílaba: “Sílaba” é uma paroxítona, e o acento gráfico indica a irregularidade na tonicidade. Assim, também não é equivalente à regra aplicada a “sofá”.</li>
<li>E) família: Apesar de “família” possuir um acento gráfico, por tratar-se de uma paroxítona terminada em “ia”, a regra de acentuação não se equipara à dos oxítonos terminados em “a” (como “sofá”).</li>
</ul>

Em resumo, somente a alternativa A (“babá”) segue a regra de acentuação aplicada a “sofá”, pois ambas são oxítonas terminadas em “a” e, por essa razão, recebem acento agudo na última sílaba. A correta identificação dessa regra é fundamental para a resolução adequada de questões que exploram o conhecimento da acentuação gráfica, especialmente em concursos públicos.

A alternativa correta é aquela que evidencia a mesma regra de acentuação aplicada à palavra “sofá”, ou seja, a oxítona terminada em “a” que, conforme as normas, recebe acento. Dessa forma, fica evidente que a alternativa que obedece à mesma regra é:

Gabarito: Letra A

1     A cidade estava em quase absoluto silêncio, até
   parecia quatro da manhã, mas era pouco mais do que quatro
   da tarde. Levantei do sofá um instante, no final do primeiro
4  tempo, para ir até a janela observar os prédios, as ruas.
   Todos estavam dentro de suas panelas, feito grãos de
   pipoca que ainda não estouraram, mas faltava pouco para
7  que explodissem. Foi bem nessa hora que Kaká marcou o
   primeiro gol do Brasil. A tampa da cidade se abriu e as
   pipocas finalmente estouraram. O povo saltou da cadeira
10 como naquele desenho animado que passa antes dos filmes,
   em que as pipoquinhas estão todas alegres e empolgadas. É
12 isso, pensei: somos milhões de pipocas em ação.


 Século – rápido – socioeconômico. 

Na questão apresentada, devemos identificar a alternativa em que todos os vocábulos apresentam acentuação gráfica fundamentada na mesma regra. Vamos lembrar que todas as palavras proparoxítonas – aquelas cuja sílaba tônica é a antepenúltima – são acentuadas, independentemente da terminação. Assim, se todos os termos da alternativa forem palavras proparoxítonas, o acento que observamos em cada uma delas se justifica pela regra que determina a acentuação obrigatória dessas palavras.

Analisemos cada alternativa:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa A – “socioeconômico – além – país”: “Socioeconômico” é uma palavra com mais de três sílabas cuja tonicidade recai na antepenúltima sílaba, logo é proparoxítona e, portanto, acentuada. Entretanto, “além” e “país” são palavras oxítonas – “além” recebe acento por terminar em “ém” (hiato com a vogal tônica isolada) e “país” por tratar-se de um hiato – ou seja, a regra de acentuação empregada é distinta daquela aplicada às proparoxítonas.</li>
 <li>Alternativa B – “também – século – pé”: “Também” é oxítona e acentuada por terminar em “ém”. “Pé” é monossílabo tônico e, conforme as regras, os monossílabos tônicos, de forma geral, não recebem acento, salvo os casos fixos, como “pê”, no entanto “pé” tem acento para diferenciar sua pronúncia. Já “século” é proparoxítona, ou seja, todas as suas sílabas acompanham a regra de acentuação das proparoxítonas. Aqui, temos termos acentuados por regras distintas.</li>
 <li>Alternativa C – “café – além – rápido”: “Café” e “além” são oxítonas; “café” recebe acento por terminar em “é”, e “além” por ser um hiato, enquanto “rápido” é uma palavra proparoxítona (o acento recai na antepenúltima sílaba). Assim, novamente, há mistura de regras de acentuação.</li>
 <li>Alternativa D – “século – rápido – socioeconômico”: Em “século”, a divisão silábica é “sé-cu-lo”, com acento na antepenúltima sílaba; em “rápido”, temos “rá-pi-do”, e em “socioeconômico”, a divisão (aproximada) é “so-ci-o-e-co-nó-mi-co”, sendo a sílaba tônica “nó”, que é a antepenúltima. Assim, todas essas palavras são proparoxítonas e, por regra, todas são acentuadas.</li>
</ul>

Portanto, a alternativa correta é aquela em que o acento gráfico em cada vocábulo se deve à obrigatoriedade de se acentuar todas as palavras proparoxítonas, ou seja, a Alternativa D.

Concluindo, cada termo na alternativa D é acentuado unicamente por ser proparoxítono, não havendo mistura de critérios de acentuação como nas demais alternativas.

Gabarito: Letra D

    Em meados do século XVIII já eram muitos os caminhos que conduziam às minas de Minas Gerais, mas também muitos eram os seus descaminhos. Para evitar estes descaminhos a Coroa Portuguesa determinou que o ouro e os diamantes deixassem as terras mineiras apenas por trilhas outorgadas pela realeza, que receberam o nome de Estrada Real.
    Inicialmente, o caminho ligava somente a cidade de Paraty às províncias auríferas do interior de Minas, a antiga Villa Rica, hoje Ouro Preto (Caminho Velho). No entanto, a Coroa Portuguesa percebeu a necessidade de um trajeto mais seguro e rápido ao porto do Rio de Janeiro, surgindo então o caminho novo. Ainda no século XVIII, surgiram outras trilhas para exploração dos diamantes – o belo Caminho dos Diamantes.
    Cercados de natureza exuberante e por pessoas acolhedoras, hoje estes caminhos levam seus visitantes a conhecer belos atrativos de cada cidade, a cultura, a história e até o passo a passo daquele maravilhoso pão de queijo servido com um delicioso café quentinho ao pé do fogão a lenha.
    Com 1600km de extensão, além de sua importância como eixo principal do ciclo do ouro, a Estrada Real exerceu papel fundamental no desenvolvimento político, cultural e socioeconômico do Brasil. Tamanha riqueza transformou a Estrada Real na maior rota turística do Brasil, que abriga algumas das mais belas paisagens do país.


 A primeira proposição é verdadeira e a segunda é falsa.

 A primeira proposição é falsa e a segunda é verdadeira.

Nesta questão, analisamos duas proposições relativas à acentuação gráfica, tendo como foco o verbo “vir” e o termo “saúde”. É fundamental compreender os detalhes das regras de acentuação para justificar a resposta correta.

Análise da proposição I:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Conteúdo: “Na frase ‘cabe a reflexão de como esse “estado de direito” vem sendo cumprido nas sociedades contemporâneas’, se o verbo ‘vir’ for flexionado no plural, vai necessitar de acento circunflexo na letra ‘e’.”</li>
</ul>
O verbo “vir”, quando flexionado na terceira pessoa do plural, forma “vêm”. Esse acento é necessário para sinalizar a tonicidade e, consequentemente, diferenciar a forma plural “vêm” da forma singular “vem”. Sendo assim, a afirmação está correta. Para exemplificar, considere: “Eles vêm ao encontro das novas políticas”. Note que o acento circunflexo indica a pronúncia fechada do “ê” na forma plural.

Análise da proposição II:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Conteúdo: “O termo ‘saúde’ leva acento agudo porque o ‘u’ representa a segunda vogal tônica de um hiato, não forma sílaba com ‘r’, ‘l’, ‘m’, ‘n’ e ‘z’ e não está seguida de ‘nh’. Tal regra também se aplica à vogal tônica ‘o’.”</li>
</ul>
De fato, a palavra “saúde” é acentuada (sa-ú-de) devido à regra de hiato: quando as vogais “i” ou “u” tônicas se encontram isoladas, elas devem receber acento. Contudo, a afirmação estende essa regra de forma inadequada ao dizer que “tal regra também se aplica à vogal tônica ‘o’”. Na norma culta, essa regra é restrita aos hiatos que envolvem “i” e “u”. Assim, embora a justificativa para “saúde” esteja parcialmente correta, o acréscimo referente à vogal “o” não encontra respaldo, tornando a proposição II falsa.

Alternativa Correta:
Dessa forma, a proposição I é verdadeira – uma vez que o plural “vêm” exige o acento circunflexo –, e a proposição II é falsa, pois a regra de acentuação de hiato não se aplica à vogal “o”.

Gabarito: Letra B

A proposta de discutir saúde, educação e qualidade de vida pressupõe o estabelecimento de contornos conceituais que favoreçam sua compreensão. Entre as inúmeras possibilidades que o tema permite, o ponto de partida será a reflexão que os direitos humanos instigam sobre a imbricação dessas áreas com o “estado de direito”. Segundo Dalmo Dallari, são três os direitos humanos fundamentais: saúde, educação e trabalho.
 O direito à saúde é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o estado de completo bem-estar físico, psíquico e social, resultante da interação com o meio ambiente, a alimentação, a habitação, a assistência médico-hospitalar e a qualidade das relações socioafetivas adquiridas ao longo de seu desenvolvimento. O direito à educação refere-se ao desenvolvimento intelectual, à obtenção e à ampliação de conhecimento para desenvolvimento psíquico e interação social, sem os quais os homens se aprisionam nas formas desiguais dadas pelas estruturas sociais. O terceiro direito fundamental é o do trabalho, em condições dignas e justas, que ofereça recompensa pelo esforço empreendido e seja objeto de realização, satisfação e prestígio pessoal e social. O cumprimento desses direitos básicos deve garantir a dignidade e o bom desenvolvimento do homem, propiciando boa qualidade de vida.
 Isso posto, cabe a reflexão de como esse “estado de direito” vem sendo cumprido nas sociedades contemporâneas, principalmente na nossa. Pode-se afirmar que esforços históricos são adotados para minimizar as desigualdades nos campos da saúde e da educação, embora a falta de acesso e de qualidade dos serviços básicos ainda seja determinante para a baixa qualidade de vida da maioria da população brasileira. Conforme aponta Fábio Comparato, o direito deve ser exigido pelo cidadão de qualquer comunidade, mas nossa tradição é a da acomodação e dos favores. Aquilo que é direito muitas vezes passa a ser entendido como favor e há inversão do valor social. As desigualdades ficam justificadas pelas diferenças – de cor, raça, gênero, credo – e o que deveria ser a base da construção cultural da estrutura social passa a cristalizar processos de pauperização e injustiça.
 Fazendo breve análise dos campos da saúde e da educação no país, é possível afirmar que __ duas últimas décadas foram de ampliação inquestionável dos serviços básicos de atendimento, no que se refere, pelo menos, __ acessibilidade. Na saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) propõe a prevenção e a promoção descentralizada, favorecendo que estados e municípios considerem suas especificidades e elejam prioridades de acordo com __ necessidades específicas de cada região. Na educação, o acesso ao ensino fundamental foi ampliado significativamente tanto nos centros urbanos quanto nas áreas rurais. Iniciativas em relação ao ensino médio e universitário ganharam força principalmente nos últimos anos. Programas sociais como o Renda Mínima e o Bolsa Família, entre outros, foram criados priorizando essas duas áreas.
 No entanto, verificamos que essas medidas de caráter macrossocial estão longe de fazer cumprir os direitos fundamentais da dignidade e do bom desenvolvimento. Na saúde, embora haja melhoras significativas como a queda da taxa de desnutrição infantil obtida pelo sucesso das campanhas dirigidas ao aleitamento materno, ainda temos problemas elementares, entre os quais a defasagem no acompanhamento pré-natal, a efetivação da prevenção e do controle dos fatores de risco, como gravidez na adolescência, a infecção pelas doenças sexualmente transmissíveis e o combate às drogas. Na educação, o esvaziamento do sentido da escola, em razão do esgotamento da escolaridade como mobilidade social e do enfraquecimento da capacidade socializadora, promove fenômenos cada vez mais frequentes como a incompreensão e a indisciplina.
 A qualidade das relações vinculares que as pessoas efetivam nas diversas instituições às quais pertencem – a escola, a família e o trabalho – pode, em muito, elevar a sua autoestima, a definição de escolhas, a exigência e a atuação em direção à conquista dos direitos e da ob tenção da dignidade humana e do bom desenvolvimento. Não se trata da individuação dos problemas, mas de incentivar o protagonismo de ideias e ações a favor de uma cidadania ativa.

A utilização do acento diferencial, conforme apresentado na questão, ocorre para distinguir palavras que possuem a mesma grafia e pronúncia, mas que apresentam significados diferentes. Um exemplo clássico é o dos verbos "pôr" e da preposição "por".

Na alternativa A, "pôr" é o verbo que significa "colocar", e a presença do acento diferencial ajuda a distinguir a forma verbal da preposição "por", que não leva acento. Assim, a resposta “pôr”, com acento, atende ao critério proposto na questão.

Agora, vamos analisar as demais alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa B – Contínuo: O termo "contínuo" é um adjetivo ou substantivo e a acentuação aqui se dá pelo acento indicativo de tonicidade, conforme as regras de acentuação das paroxítonas terminadas em ditongo. Não se trata de um caso de acento diferencial, mas de uma regra geral de acentuação.</li>
 <li>Alternativa C – Bôrra: A palavra “bôrra” não existe na norma culta do português. O correto seria “borra”, que se refere à resíduo, e não há acento diferencial nesse caso.</li>
 <li>Alternativa D – Pêlo: A forma “pêlo” também não se enquadra no acento diferencial, mas sim nas regras gerais de acentuação. A palavra “pelo” pode ser tanto a forma contraída da preposição “por” com o artigo “o” quanto o substantivo “pelo”, que se refere ao revestimento capilar de alguns animais. Nesse caso, não há razão para o uso do acento diferencial.</li>
</ul>

Alternativa Correta:

A alternativa A está correta, pois o acento diferencial em “pôr” serve para diferenciá-lo de “por”. Esse recurso é essencial para evitar ambiguidades na escrita e na interpretação das palavras, principalmente em contextos em que a diferenciar os sentidos pode alterar o entendimento da frase.

Portanto, a resposta correta é a da alternativa A.

Gabarito: Letra A

Análise Geral:

Nesta questão, a proposta é identificar a alternativa em que as duas palavras são acentuadas por empregarem a mesma regra de acentuação. É fundamental analisar as particularidades de cada palavra e o motivo pelo qual foram realçadas graficamente. Vamos conferir cada alternativa.

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa A – “Está; só”: A palavra “está” recebe acento agudo na última sílaba para diferenciar a forma verbal (3ª pessoa do singular do presente do indicativo ou 2ª pessoa do singular do imperativo) da forma não acentuada “esta” (pronome demonstrativo). Já “só” é acentuada para diferenciar o advérbio de modo (ou “apenas”) do adjetivo “só” (sem companhia). Assim, embora ambas sejam acentuadas, cada uma obedece a uma finalidade distinta: uma é para marcar a tonicidade verbal e a outra é utilizada no caráter diacrítico.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa B – “Você; rápido”: “Você” possui acento gráfico para indicar a tonicidade na sílaba “cê”. Contudo, “rápido” é acentuado por se tratar de uma paroxítona cuja vogal tônica (á) está aberta. Apesar de ambas serem paroxítonas, a razão de acentuação difere: uma é fruto da necessidade de diferenciar pronominalmente e outra, para preservar a qualidade da vogal tônica (abertura da vogal).</li>

 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa C – “Público; substituída”: “Público” é acentuado por ser uma palavra oxítona terminada em “o” com a vogal tônica aberta, enquanto “substituída” é acentuada por se tratar de paroxítona cuja vogal tônica exige sinal gráfico para marcar a pronúncia correta. Assim, não obedecem à mesma regra de acentuação.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa D – “Máquina; desprezível”: Ambas são palavras paroxítonas, mas seguem regras diferentes: “máquina” tem o acento em função da tonicidade na sílaba “má”, e “desprezível” recebe o acento na vogal “i” por ser a forma de marcar a pronúncia correta, sobretudo em palavras de origem tardo-latina ou com terminação que foge à regularidade. Portanto, apesar de serem paroxítonas, as justificativas para o uso do acento são distintas.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa E – “Empáfia; impaciência”: Estas duas palavras são acentuadas seguindo a mesma regra: ambas são paroxítonas e apresentam sinal gráfico na vogal que sofre alteração na qualidade sonora. Em “empáfia”, o acento agudo no “á” indica a tonicidade na sílaba tônica e a necessidade de sinalizar a abertura da vogal, afastando a pronúncia ambígua que ocorreria sem o acento. De modo semelhante, “impaciência” apresenta o acento agudo no “ê” para indicar a correta pronúncia da sílaba tônica, evidenciando a vogal fechada necessária na formação do hiato e, consequentemente, a correta divisão silábica. Assim, ambas utilizam o acento para indicar a tonicidade e a qualidade da vogal tônica conforme as regras das paroxítonas com vogal aberta na sílaba tônica.</li>
</ul>

Diante da análise detalhada, conclui-se que a alternativa E reúne duas palavras acentuadas segundo a mesma regra, ou seja, ambas recebem o acento para indicar a tonicidade e a qualidade das vogais tônicas, evitando ambiguidade na pronúncia.

Gabarito: Letra E

Luís Fernando Veríssimo 

    Para começar, ele nos olha na cara. Não é como a máquina de escrever, que a gente olha de cima, com superioridade. Com ele é olho no olho ou tela no olho. Ele nos desafia. Parece estar dizendo: vamos lá, seu desprezível pré-eletrônico, mostre o que você sabe fazer. A máquina de escrever faz tudo que você manda, mesmo que seja a tapa. Com o computador é diferente. Você faz tudo que ele manda. Ou precisa fazer tudo ao modo dele, senão ele não aceita. Simplesmente ignora você. Mas se apenas ignorasse ainda seria suportável. Ele responde. Repreende. Corrige. Uma tela vazia, muda, nenhuma reação aos nossos comandos digitais, tudo bem. Quer dizer, você se sente como aquele cara que cantou a secretária eletrônica. É um vexame privado. Mas quando você o manda fazer alguma coisa, mas manda errado, ele diz “Errado”. Não diz “Burro”, mas está implícito. É pior, muito pior. Às vezes, quando a gente erra, ele faz “bip”. Assim, para todo mundo ouvir. Comecei a usar o computador na redação do jornal e volta e meia errava. E lá vinha ele: “Bip!” “Olha aqui, pessoal: ele errou.” “O burro errou!” 

    Outra coisa: ele é mais inteligente que você. Sabe muito mais coisa e não tem nenhum pudor em dizer que sabe. Esse negócio de que qualquer máquina só é tão inteligente quanto quem a usa não vale com ele. Está subentendido, nas suas relações com o computador, que você jamais aproveitará metade das coisas que ele tem para oferecer.
Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando outro igual a ele o estiver programando. A máquina de escrever podia ter recursos que você nunca usaria, mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguentava os humanos por falta de coisa melhor, no momento. E a máquina, mesmo nos seus instantes de maior impaciência conosco, jamais faria “bip” em público.

    Dito isto, é preciso dizer também que quem provou pela primeira vez suas letrinhas dificilmente voltará à máquina de escrever sem a sensação de que está desembarcando de uma Mercedes e voltando à carroça. Está certo, jamais teremos com ele a mesma confortável cumplicidade que tínhamos com a velha máquina. É outro tipo de relacionamento, mais formal e exigente. Mas é fascinante. Agora compreendo o entusiasmo de gente como Millôr Fernandes e Fernando Sabino, que dividem a sua vida profissional em antes dele e depois dele. Sinto falta do papel e da fiel Bic, sempre pronta a inserir entre uma linha e outra a palavra que faltou na hora, e que nele foi substituída por um botão, que, além de mais rápido, jamais nos sujará os dedos, mas acho que estou  sucumbindo. Sei que nunca seremos íntimos, mesmo porque ele não ia querer se rebaixar a ser meu amigo, mas retiro tudo o que pensei sobre ele. Claro que você pode concluir que eu só estou querendo agradá-lo, precavidamente, mas juro que é sincero.

    Quando saí da redação do jornal depois de usar o computador pela primeira vez, cheguei em casa e bati na minha máquina. Sabendo que ela aguentaria sem reclamar, como sempre, a pobrezinha.


Questões de Português - Acentuação gráfica