“Os Três porquinhos eram pessoas de muito boa
família”.

“pintava que era uma maravilha – um verdadeiro
Beethoven”.

“queria era descobrir a epistemologia da realidade
cotidiana”.

“nem percebeu o talento que degustava, nem as
incoerências que transitam pela alma cultivada.”

Vamos analisar a questão apresentada pela Universidade Federal de Goiás, que está focada em identificar uma construção semântica imprevisível, geralmente associada a situações de ambiguidade ou uso inusitado de linguagem.

 


Primeiro, olhando a alternativa A, a frase “Os Três porquinhos eram pessoas de muito boa família” não tem nada de particularmente imprevisível ou ambíguo. Ela apenas personifica os porquinhos, uma técnica comum em fábulas e contos.


 


A alternativa B, “pintava que era uma maravilha – um verdadeiro Beethoven”, apresenta uma clara anomalia semântica. Aqui, a ambiguidade surge porque Beethoven, apesar de ser uma figura reconhecida, foi um compositor e pianista, não um pintor. Logo, a comparação entre pintura e um músico famoso cria um efeito de surpresa e imprecisão no entendimento, gerando a incongruência semântica.


 


Em relação à alternativa C, “queria era descobrir a epistemologia da realidade cotidiana”, enquanto um tanto filosófica, não apresenta ambiguidade real; apenas destaca um desejo profundo e incomum do personagem.


 


Por fim, a alternativa D, “nem percebeu o talento que degustava, nem as incoerências que transitam pela alma cultivada”, embora poética e talvez um pouco complexa, não é imprevisível em seu avanço semântico. Usa uma metáfora para indicar que o lobo comeu os porquinhos sem entender suas qualidades individuais, mas isso não configura ambiguidade.


 


Portanto, a alternativa B é a que realmente apresenta uma construção semântica imprevisível, ao misturar campos artísticos de forma inesperada e incongruente. A ideia de um pintor ser comparado a Beethoven sem contexto que justifique essa associação desperta confusão e surpresa no leitor, típico de um uso ambíguo da linguagem.


 

A alternativa correta é B.

Era uma vez Três Porquinhos e um Lobo Bruto. Os Três
Porquinhos eram pessoas de muito boa família, e ambos tinham herdado dos pais, donos de uma churrascaria, um talento deste tamanho. Pedro, o mais velho, pintava que era
uma maravilha – um verdadeiro Beethoven. Joaquim, o do
meio, era um espanto das contas de somar e multiplicar, até
indo à feira fazer compras sozinho. E Ananás, o menor, esse
botava os outros dois no bolso – e isso não é maneira de dizer. Ananás era um mágico admirável. Mas o negócio é que
– não é assim mesmo, sempre? – Pedro não queria pintar,
gostava era de cozinhar, e todo dia estragava pelo menos um
quilo de macarrão e duas dúzias de ovos tentando fazer uma
bacalhoada. Joaquim vivia perseguindo meretrizes e travestis, porque achava matemática chato, era doido por imoralidade aplicada. E Ananás detestava as mágicas que fazia tão
bem – queria era descobrir a epistemologia da realidade cotidiana. Daí que um Lobo Bruto, que ia passando um dia, comeu os três e nem percebeu o talento que degustava, nem as
incoerências que transitam pela alma cultivada. MORAL: É
INÚTIL ATIRAR PÉROLAS AOS LOBOS.

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