Ao analisarmos a frase “Quando saí da redação do jornal depois de usar o computador pela primeira vez, cheguei em casa e BATI na minha máquina”, percebemos que há um jogo de sentidos na palavra “bati”, demonstrando uma ambiguidade intencional por parte do autor. Essa ambiguidade ocorre quando um termo apresenta dois significados distintos, dependendo do contexto em que é interpretado.

No contexto da crônica, o primeiro sentido remete à atuação “escrever” com o computador, isto é, a ideia de utilizar a máquina como instrumento de escrita, de forma semelhante a como se “batesse” nas teclas para produzir o texto. Já o segundo sentido, empregado de maneira irônica e humorada, refere-se ao ato de “esmurrar”, ou “bater” fisicamente na máquina, como se o autor estivesse descontando a frustração ou a sensação de ter sido desafiado pela tecnologia.

Repassando as alternativas apresentadas, notamos que:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) sovar e chutar: Embora “sovar” signifique bater de forma vigorosa, “chutar” não se relaciona com o sentido de escrever, descartando essa opção.</li>
 <li>B) chocar e surrar: “Surrar” pode remeter ao ato de bater fisicamente, mas “chocar” não se adequa ao processo de digitar ou escrever.</li>
 <li>C) compor e esbarrar: “Compor” está relacionado ao ato de escrever, entretanto “esbarrar” não tem conotação de agressão física, nem equivale à ação de esmurrar.</li>
 <li>D) escrever e esmurrar: Nesta alternativa, “escrever” remete ao sentido de utilizar a máquina (computador) para compor textos, enquanto “esmurrar” é um sinônimo claro de bater com força, encaixando perfeitamente a dupla interpretação proposta pelo autor.</li>
 <li>E) acertar e polemizar: “Acertar” não se relaciona com a ideia de digitar ou escrever, e “polemizar” envolve disputas verbais, o que não condiz com o contexto descrito.</li>
</ul>

Portanto, a alternativa correta é a letra D, pois ela reflete de forma precisa a proposta ambígua do texto: a ação de escrever com o computador e, ao mesmo tempo, a possibilidade de demonstrar frustração batendo fisicamente na máquina. Essa dualidade é explorada com humor e ironia pelo autor, ampliando a riqueza interpretativa da crônica ao brincar com os sentidos da palavra “bati”.

Gabarito: Letra D

Luís Fernando Veríssimo 

    Para começar, ele nos olha na cara. Não é como a máquina de escrever, que a gente olha de cima, com superioridade. Com ele é olho no olho ou tela no olho. Ele nos desafia. Parece estar dizendo: vamos lá, seu desprezível pré-eletrônico, mostre o que você sabe fazer. A máquina de escrever faz tudo que você manda, mesmo que seja a tapa. Com o computador é diferente. Você faz tudo que ele manda. Ou precisa fazer tudo ao modo dele, senão ele não aceita. Simplesmente ignora você. Mas se apenas ignorasse ainda seria suportável. Ele responde. Repreende. Corrige. Uma tela vazia, muda, nenhuma reação aos nossos comandos digitais, tudo bem. Quer dizer, você se sente como aquele cara que cantou a secretária eletrônica. É um vexame privado. Mas quando você o manda fazer alguma coisa, mas manda errado, ele diz “Errado”. Não diz “Burro”, mas está implícito. É pior, muito pior. Às vezes, quando a gente erra, ele faz “bip”. Assim, para todo mundo ouvir. Comecei a usar o computador na redação do jornal e volta e meia errava. E lá vinha ele: “Bip!” “Olha aqui, pessoal: ele errou.” “O burro errou!” 

    Outra coisa: ele é mais inteligente que você. Sabe muito mais coisa e não tem nenhum pudor em dizer que sabe. Esse negócio de que qualquer máquina só é tão inteligente quanto quem a usa não vale com ele. Está subentendido, nas suas relações com o computador, que você jamais aproveitará metade das coisas que ele tem para oferecer.
Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando outro igual a ele o estiver programando. A máquina de escrever podia ter recursos que você nunca usaria, mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguentava os humanos por falta de coisa melhor, no momento. E a máquina, mesmo nos seus instantes de maior impaciência conosco, jamais faria “bip” em público.

    Dito isto, é preciso dizer também que quem provou pela primeira vez suas letrinhas dificilmente voltará à máquina de escrever sem a sensação de que está desembarcando de uma Mercedes e voltando à carroça. Está certo, jamais teremos com ele a mesma confortável cumplicidade que tínhamos com a velha máquina. É outro tipo de relacionamento, mais formal e exigente. Mas é fascinante. Agora compreendo o entusiasmo de gente como Millôr Fernandes e Fernando Sabino, que dividem a sua vida profissional em antes dele e depois dele. Sinto falta do papel e da fiel Bic, sempre pronta a inserir entre uma linha e outra a palavra que faltou na hora, e que nele foi substituída por um botão, que, além de mais rápido, jamais nos sujará os dedos, mas acho que estou  sucumbindo. Sei que nunca seremos íntimos, mesmo porque ele não ia querer se rebaixar a ser meu amigo, mas retiro tudo o que pensei sobre ele. Claro que você pode concluir que eu só estou querendo agradá-lo, precavidamente, mas juro que é sincero.

    Quando saí da redação do jornal depois de usar o computador pela primeira vez, cheguei em casa e bati na minha máquina. Sabendo que ela aguentaria sem reclamar, como sempre, a pobrezinha.


 O secretário e a gerente da loja vão casar-se.

 O ciclista percorreu 120 km em pouco tempo.

 Ayrton Senna foi nosso melhor piloto de Fórmula 1.

 Os celulares fazem parte do mundo moderno.

 A professora disse que expulsou o aluno errado.

 O chofer trouxe João e Maria às sete horas da noite.

 Eu e ela compramos a bicicleta para nosso filho.

 Notícia importante é a guerra entre Rússia e Ucrânia.

 Ela mordeu um doce e o seu amigo também.

 Falei com a chefe que estava com dor de cabeça.

Na análise das alternativas apresentadas, é importante identificar os elementos que podem causar dúvidas na interpretação do enunciado. Para tanto, deve-se observar se há possibilidade de múltiplas interpretações quanto aos sujeitos ou complementos presentes na frase.

Na alternativa A – "Comi uma pizza grande ontem." – a estrutura da frase é simples e direta. Não há elementos suscetíveis a interpretações conflitantes, pois os modificadores (adjetivos e advérbios) e o sujeito ocorrem de maneira clara. Assim, esta alternativa não apresenta ambiguidade.

Contrastando com as demais alternativas, podemos perceber que:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa B – "Pedro disse ao amigo que havia chegado.": A ambiguidade aqui reside em não ficar claro se a informação "que havia chegado" se refere a Pedro ou ao amigo, criando incerteza sobre o sujeito da ação.</li>
 <li>Alternativa C – "Ela mordeu um doce e o seu amigo também.": Nesse caso, a ambiguidade surge com o uso de "seu amigo", pois não se sabe à quem exatamente o pronome "seu" faz referência, levando a interpretações duplas.</li>
 <li>Alternativa D – "Falei com a chefe que estava com dor de cabeça.": Aqui, a dúvida se instala em relação a quem estava com dor de cabeça, se a "chefe" ou o locutor, havendo um conflito de referência.</li>
</ul>

Portanto, após a análise de todas as alternativas, observa-se que a alternativa A se destaca por sua clareza e ausência de elementos ambíguos, já que apresenta uma estrutura sintática sem possibilidades de múltiplas interpretações.

Alternativa Correta:
A alternativa A é a única que não apresenta ambiguidade, visto que a frase "Comi uma pizza grande ontem." é simples, objetiva e carece de elementos que possam gerar interpretações conflitantes.

Gabarito: Letra A

    Nós nunca estivemos tão conectados. As redes sociais podem fortalecer relacionamentos preexistentes e permitir que novas conexões sejam estabelecidas. No entanto, o uso __________ também pode nos fazer sentir mais sozinhos.
    Na Espanha, 92% das pessoas têm um smartphone e o utilizam principalmente para se comunicar por mensagens instantâneas com aplicativos como o WhatsApp. Nós nos comunicamos mais com nossas famílias e amigos por mensagens instantâneas do que face a face. Na verdade, passamos cada vez mais tempo interagindo com a mídia digital. Apesar disso, uma em cada três pessoas se sente solitária.
    A solidão indesejada tem consequências negativas para o __________ e a saúde. Quando persistente, pode levar a mudanças negativas em nossos sistemas nervoso, imunológico e cardiovascular. A solidão indesejada pode até aumentar o risco de morte — na mesma proporção que o fumo e mais do que a obesidade e a inatividade física.
    Então, o contato cara a cara é melhor que a comunicação virtual? Um pilar essencial na felicidade são as relações sociais. As pessoas que têm mais interações sociais face a face estão mais satisfeitas e têm um melhor estado de saúde em comparação com aquelas com uma rede social limitada. Por outro lado, a comunicação por meio de plataformas digitais nos permite nos expressar e construir a comunidade, mas parece ter um efeito negativo na satisfação das pessoas que não têm uma rede de apoio.
    Aplicativos como o WhatsApp nos permitem conectar com qualquer pessoa a qualquer momento. No entanto, a mensagem é mais simples e perdemos as nuances de tom de voz e expressão facial presentes na comunicação face a face, fundamentais para um intercâmbio social adequado. Além disso, parece haver um viés positivista nas comunicações virtuais, nós expomos mais aspectos positivos do que negativos, portanto temos a impressão de que os outros têm uma vida melhor e são mais felizes. Tudo isso pode gerar altos níveis de ansiedade. Experiências negativas em redes sociais, baixa _________ ou uma rede de apoio limitada poderiam ser alguns dos fatores que explicariam esses resultados.


Questões de Português - Ambiguidade - Múltipla escolha