Análise das alternativas:


A) Ironia. A ironia é uma figura de linguagem na qual se diz o contrário do que realmente se quer comunicar, geralmente com fins críticos ou sarcásticos. No trecho citado, não há evidência de ironia, já que a descrição se faz de maneira detalhada e poética acerca de uma cena de ternura e cuidado entre mãe e filha, sem indícios de contrastes intencionais ou críticas veladas.



B) Ojeriza. A ojeriza é um sentimento de repulsa ou aversão. O texto, ao contrário, apresenta uma cena íntima e carinhosa entre mãe e filha, articulando um cuidado meticuloso e delicado, não associado a qualquer forma de repulsa.



C) Contraste. No trecho, a ideia de contrastes é bastante relevante. A autora descreve a busca por piolhos, algo potencialmente desagradável, de uma maneira quase carinhosa e delicada, refletindo um contraste entre a atividade e a maneira como é realizada. A leitura da busca por "minúsculos inimigos" como um ato carinhoso (semelhante ao cafuné) exemplifica bem este contraste entre o ato e o sentimento envolvido.



D) Obstinação. Embora o texto mostre o cuidado meticuloso da mãe, não há uma ênfase particular na obstinação como característica predominante. A descrição se centra mais na delicadeza e na experiência sensorial da interação.



E) Irreverência. Irreverência implica uma atitude de desrespeito ou de não-conformidade com as normas, o que não se aplica ao contexto descrito. O ato descrito é um gesto de cuidado comum em várias culturas, apresentado de forma poética e respeitosa.


Diante das análises, percebe-se que a alternativa que melhor se alinha ao texto, dado o tratamento delicado e contrastante de algo como o catar piolhos, é a que fala sobre o contraste. Portanto, a alternativa correta é C.

Todos os dias, ao primeiro sol da manhã, mãe e filha sentavam-se na soleira da porta. E deitada a cabeça da filha no colo da mãe, começava esta a catar-lhe piolhos. 
Os dedos ágeis conheciam sua tarefa. Como se vissem, patrulhavam a cabeleira separando mechas, esquadrinhando entre os fios, expondo o claro azulado do couro. E na alternância ritmada de suas pontas macias, procuravam os minúsculos inimigos, levemente arranhando com as unhas, em carícia de cafuné. 
Com o rosto metido no escuro pano da saia da mãe, vertidos os cabelos sobre a testa, a filha deixava-se ficar enlanguescida, enquanto a massagem tamborilada daqueles dedos parecia penetrar-lhe a cabeça, e o calor crescente da manhã lhe entrefechava os olhos. 
Foi talvez devido à modorra que a invadia, entrega prazerosa de quem se submete a outros dedos, que nada percebeu naquela manhã – a não ser, talvez, uma leve pontada – quando a mãe, devassando gulosa o secreto reduto da nuca, segurou seu achado entre polegar e indicador e, puxando-o ao longo do fio negro e lustroso em gesto de vitória, extraiu-lhe o primeiro pensamento.

 ele era muito pobre e queria enriquecer.

 apaixonou-se pela princesa e queria se aproximar dela.

 queria se infiltrar no castelo e se transformar em um homem nobre. 

**Enunciado da questão: "O pastor e a princesa" - Carlos Heitor Cony**

Um jovem pastor se sente encantado por uma princesa que observa de uma clareira. Sua transformação em príncipe é motivada pelo desejo de se aproximar dela, permitindo-lhe entrar no castelo onde ela reside.

**Alternativas da questão:**

A) ele era muito pobre e queria enriquecer.
Essa alternativa sugere uma motivação financeira, mas o texto não apresenta elementos que apoiem a ideia de que o pastor queria enriquecer. Ele é movido pelo amor e não por questões materiais.

B) achava um absurdo ser um pobre pastor.
Embora o pastor mencione que seria um absurdo voltar a ser pastor depois de se tornar um príncipe, isso é dito apenas após a transformação sugerida pela fada e reflete mais uma resignação à sua nova realidade do que a motivação inicial para se transformar em príncipe.

C) apaixonou-se pela princesa e queria se aproximar dela.
Esta alternativa está correta. A motivação do pastor para pedir à fada que o transformasse em príncipe é claramente o seu amor pela princesa. Ele deseja entrar no castelo para estar mais perto dela, conforme indicado pelo contexto da narrativa. O texto mostra que todas as tardes ele ia à clareira apenas para vê-la, o que sublinha sua motivação amorosa.

D) queria se infiltrar no castelo e se transformar em um homem nobre.
Esta alternativa interpreta erroneamente a história. Embora o pastor se transforme em príncipe, ele não busca nobreza por si só, nem tem intenções de "infiltração" mal intencionada; seu objetivo é se aproximar da princesa por quem se apaixonou.

A alternativa correta é C.

Carlos Heitor Cony 
 Um jovem pastor, de cabelos louros e cacheados (façamos uma homenagem ao lugar-comum), andava pela floresta quando, de repente, ao atravessar uma clareira, viu enorme e formoso castelo. 
 E, na torre mais alta, uma linda princesa de tranças também louras e olhar sonhador. Os dois se olharam e, a partir daquele momento, todas as tardes, o pastor ia à clareira e ficava olhando a princesa, que também olhava pra ele. 
 Ele suspirava, sabendo que jamais poderia entrar no castelo e ver de perto a princesa. Eis que, um dia, encontrou uma velha na floresta carregando pesado feixe de lenha. O jovem pastor a ajudou, e a velha logo se transformou numa fada e disse que realizaria qualquer pedido dele. 
 “Quero ser um príncipe para entrar naquele castelo!”, pediu o pastor. A fada advertiu-o de que realizaria o seu desejo, mas que ele jamais poderia voltar a ser o que era. O jovem foi em frente. Seria um absurdo voltar a ser pastor. 
 Logo as fanfarras do castelo soaram para o príncipe que se aproximava. A corte recebeu o visitante com banquetes, desfiles, torneios e todas as homenagens. O rei gostou tanto do príncipe que lhe ofereceu a mão de sua filha. 
 Louco de alegria, o jovem aceitou e quis beijar a princesa. Ela recusou o beijo. Disse que não poderia casar com o príncipe porque estava apaixonada por um pastor louro de cabelos cacheados que, todas as tardes, costumava aparecer na clareira na floresta. A ele, dera seu coração e somente a ele amaria. 
 Não sei se inventei ou se li em algum canto essa história cheia de lugares-comuns. Não importa. Não sou jovem nem pastor, não tenho cabelos louros e cacheados. Mas, todas as tardes, continuo indo à floresta para ver se me acontece alguma coisa.

 Ela se apaixonou por um homem, e não pelo que ele poderia representar.

 O pai dela impôs-lhe um casamento por interesse com o príncipe; e ela, por rebeldia, não aceitou.

 Quando percebeu que o pastor estava vestido como um príncipe, ela descobriu que ele era um mau-caráter.

 Ela aceitou o pedido de casamento do pastor, por isso não poderia assumir compromisso com outro homem. 

A questão apresentada solicita a interpretação de um trecho de texto onde uma princesa recusa beijar um jovem príncipe, apesar de ele ser o seu verdadeiro amor transformado por magia. A alternativa correta é a que melhor identifica a razão da recusa da princesa, relacionando-a ao contexto geral do texto.

<ul>
<li>Alternativa A: "Ela se apaixonou por um homem, e não pelo que ele poderia representar." Esta alternativa é a correta porque expressa a razão pela qual a princesa rejeita beijar o jovem príncipe. Ela estava apaixonada pelo pastor, pelo homem que ele era antes da transformação, e não pela aparência ou pelo status de príncipe que ele adquirira. Isso é evidenciado na narrativa quando se menciona que o coração dela pertencia ao pastor, independente de sua posição social.</li>
<li>Alternativa B: "O pai dela impôs-lhe um casamento por interesse com o príncipe; e ela, por rebeldia, não aceitou." Esta interpretação não encontra respaldo no texto, já que não há menção a uma imposição paterna, nem evidência de rebeldia específica da princesa em relação a uma imposição.</li>
<li>Alternativa C: "Quando percebeu que o pastor estava vestido como um príncipe, ela descobriu que ele era um mau-caráter." Esta alternativa é incorreta porque o texto não sugere que a princesa percebeu a verdadeira identidade do príncipe ou que o julgou como mau-caráter. Ao contrário, a história destaca o amor inalterável dela pelo pastor.</li>
<li>Alternativa D: "Ela aceitou o pedido de casamento do pastor, por isso não poderia assumir compromisso com outro homem." Esta interpretação também não é confirmada pelo texto, pois não há indicações de que a princesa já havia aceitado formalmente um pedido de casamento do pastor.</li>
</ul>

Portanto, a razão fundamental pela qual a princesa recusou o beijo é seu amor pelo pastor como pessoa, e não por seus títulos ou aparência. Essa mensagem destaca o valor do amor genuíno e da identidade sincera sobre as aparências externas ou status social.

A alternativa correta é A.

 Alcançar mais produtividade no trabalho. 

A questão contempla assuntos relacionados a uma adequada interpretação que se possa inferir do texto. Com base nisso, passemos às alternativas: A – Errado – O “acúmulo cultural” a que se refere o texto quanto às práticas corporais está relacionado às vivências sociais, de modo a ampliá-las, e não a atingir padrões de beleza. B – Certo – De acordo com o texto, as práticas corporais deveriam ser meios para também ampliar a interação social na medida em que se conhece o próprio corpo. C – Errado – A prática física aqui não se relaciona a competições, por exemplo, nas quais a alta performance é de fato muito valorizada. D – Errado - O texto contempla a atividade física para além apenas do campo do trabalho e a insere no contexto amplo das interações sociais. Gabarito: Letra B. Seguem algumas dicas para uma adequada interpretação, também já compartilhadas pelo professor Evanildo Bechara: Ler duas vezes o texto. A primeira para tomar contato com o assunto; a segunda para observar como o texto está articulado; desenvolvido, exposto. <ol><li>Observar que um parágrafo em relação ao outro pode indicar uma continuação ou uma conclusão ou, ainda, uma falsa oposição. </li><li>Sublinhar, em cada parágrafo, a ideia mais importante (tópico frasal). </li><li>Ler com muito cuidado os enunciados das questões para entender direito a intenção do que foi pedido. </li><li>Sublinhar palavras como: erro, incorreto, correto, etc., para não se confundir no momento de responder à questão. </li><li>Escrever, ao lado de cada parágrafo ou de cada estrofe, a ideia mais importante contida neles. </li><li>Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse; escreveu. </li><li>Se o enunciado mencionar tema ou ideia principal, deve-se examinar com atenção a introdução e/ou a conclusão. </li><li>Se o enunciado mencionar argumentação, deve preocupar-se com o desenvolvimento. </li><li>Tomar cuidado com os vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do texto: pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.).&nbsp;</li></ol>

    A educação física ensinada a jovens do ensino médio deve garantir o acúmulo cultural no que tange à oportunização de vivência de práticas corporais; a compreensão do papel do corpo no mundo da produção, no que tange ao controle sobre o próprio esforço, e do direito ao repouso e ao lazer, a iniciativa pessoal nas articulações coletivas relativas às práticas corporais comunitárias; a iniciativa pessoal para criar, planejar ou buscar orientação para suas próprias práticas corporais; a intervenção política sobre as iniciativas públicas de esporte e lazer.


 Pelas decepções semelhantes às encontradas nos contos de fada.

 Pela descrição da dura realidade da vida das operárias.

 Pela ilusão de que a beleza garantiria melhor sorte na vida e no amor.

 Pelas fantasias existentes apenas na imaginação de pessoas apaixonadas.

A questão compreende assuntos relacionados a uma adequada interpretação textual. Com base nisso, passemos às alternativas: A – Errado – Normalmente essas decepções não são encontradas nos contos de fada. B – Errado – As decepções e ilusões não se referem à dura realidade das operárias. C – Certo – Essa é a crítica às ilusões presentes nos contos de fada: não basta apenas ter beleza para ter mais sorte na vida e no amor. D – Errado – Essa é uma crítica generalista que não contempla a crítica principal, qual seja: a questão da beleza. Gabarito: Letra C.&nbsp;

    O último longa de Carlão acompanha a operária Silmara, que vive com o pai, um expresidiário, numa casa da periferia paulistana. Ciente de sua beleza, o que lhe dá certa soberba, a jovem acredita que terá um destino diferente do de seus colegas. Cruza o caminho de dois cantores por quem é apaixonada. E constata, na prática, que o romantismo dos contos de fada tem perna curta.


Questões de Português - Compreensão e interpretação de textos