O conceito de intertextualidade é fundamental para entender como diferentes textos dialogam entre si, o que é super comum em provas de concurso. Esse termo se refere à relação que um texto (chamado de texto fonte) estabelece com outros textos, seja por referências diretas, alusões, citações, paródias, e até mesmo inspirações mais sutis.

 

No trecho apresentado, a menção à encíclica 'Laudato si' do Papa Francisco é um exemplo clássico de intertextualidade. A referência explícita a um documento religioso externo dentro de um debate sobre a crise da ecologia psíquica evidencia um diálogo entre diferentes discursos, fortalecendo a argumentação ao associá-la a uma fonte reconhecida e respeitável. Esse recurso amplia a profundidade do conteúdo argumentativo, conectando o leitor a conhecimentos que ultrapassam o próprio texto em si.

 

As outras opções não se aplicam a esse contexto: impessoalidade se refere à ausência de marcas de subjetividade e não é o foco aqui; informalidade seria um estilo mais coloquial, igualmente não observado; e ambiguidade seria uma multiplicidade de sentidos que poderia gerar dúvidas, que também não é caso.

 

Portanto, a referência à encíclica do Papa Francisco dentro de uma discussão sobre a crise da ecologia psíquica serve como um exemplo de intertextualidade. Assim, a alternativa correta é B.

O mundo é infinitamente complexo. Todo ato, por mais simples, extrapola em muito a intenção de quem o pratica; ao acender uma lâmpada ou abrir a torneira, por exemplo, eu não só gero o efeito local pretendido, mas aciono uma vasta e intrincada cadeia de eventos cujas ramificações se alastram, para a frente e para trás, numa miríade de outros efeitos e desdobramentos. A crise ecológica é o resultado conjunto – imprevisto e indesejado – de uma infinidade de ações motivadas por escolhas e desejos que, na sua origem, nada têm a ver com o problema criado: a fumaça tóxica das usinas chinesas movidas a carvão russo ilegalmente produzido torna-se chuva ácida e o câncer pulmonar dos coreanos; os gases emitidos por carros americanos movidos a petróleo venezuelano aceleram o derretimento das geleiras groenlandesas que provoca a elevação do nível dos oceanos. A interdependência dos fenômenos ecológicos ignora as convenções da geopolítica.
– A conjectura de uma crise da ecologia psíquica é a tese de que a degradação do mundo natural que nos cerca tem um correlato em nosso mundo interno. “Desejo sem ação gera pestilência”. O psiquismo arcaico do animal humano – uma herança, como o nosso corpo, do ambiente evolutivo da espécie – não aceita de bom grado as exigências e interdições da vida civilizada. Assim como o metabolismo entre sociedade e natureza no mundo moderno produziu a crise ambiental, de igual modo a nossa natureza interna vem sofrendo as consequências inadvertidas e perversas de uma civilização em guerra com as pulsões instintivas e indomadas da mente e calcada no ideal da desanimalização da humanidade. A crise da ecologia psíquica é fruto da severidade da renúncia instintual imposta por um processo civilizatório agressivamente calculista, o artifício e a hipocrisia permeiam os vínculos erótico-afetivos enquanto a competição feroz, a ansiedade e a ambição irrestrita dominam o mundo da produção e consumo. – Mas, se é verdade que algo nas profundezas da alma humana – no nosso mais remoto psiquismo – está sendo agredido e aviltado pelo processo civilizatório, quais seriam as evidências disso? Seria precipitado alegar que a conjectura tem uma base empírica conclusiva, mas alguns fatos relevantes sugerem que algo semelhante possa estar ocorrendo. Nos países de alta renda per capita, uma em cada cinco pessoas em idade de trabalho sofre algum tipo de distúrbio mental a cada ano, sendo aproximadamente 25% delas acometidas por quadros severos, como esquizofrenia e transtorno bipolar, e o restante por doenças menos debilitadoras como depressão, ansiedade, estresse pós-traumático e transtorno de déficit de atenção (diagnosticado em cerca de 17% dos meninos estadunidenses até dez anos contra menos de 5% no resto do mundo). Entre a população abaixo de setenta anos, a soma dos anos de vida perdidos por morte prematura e invalidez (disability-adjusted life years) causada por doenças mentais atinge 17,4 anos, contra 15,9 para o câncer e 14,8 para moléstias cardiovasculares. Os suicídios superam as mortes causadas por acidentes em estradas nos Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra. “Nas sociedades ocidentais”, resume um estudo recente, “a depressão e a ansiedade são responsáveis por mais infelicidade [misery] do que as doenças físicas e por muito mais infelicidade do que a oriunda da pobreza e do desemprego.” As irrupções recorrentes de atos violentos praticados sem motivação aparente e a explosão da demanda por drogas legais e ilegais – antidepressivos (consumidos por cerca de 10 % dos estadunidenses), ansiolíticos, soníferos, narcóticos, estimulantes e substâncias psicoativas – são outras tantas evidências de que o mundo moderno possivelmente padece de uma degradação do ambiente psicossocial análoga à devastação do ambiente físico. – A encíclica Laudato si' do papa Francisco – uma bela e bem-vinda contribuição da Igreja católica à causa ambiental – enuncia com exemplar clareza a conjectura da crise da ecologia psíquica: “os desertos externos estão aumentando no mundo porque os desertos internos se tornaram tão vastos”.

 Errar é humano, mas repetir o erro é burrice.

 O bom é não fazer nada e descansar depois.

Comentário: resumidamente,&nbsp;intertextualidade é um texto fazer referência a outro preexistente. Observe que os trechos abaixo foram retirados das frases indicadas Em "a" - Errado: "Quem acredita sempre alcança".Em "b" - Errado: "Errar é humano, repetir o mesmo é burrice".Em "c" - Errado: "Verás que um filho teu não foge à luta".Em "d" - Certo: não há referência anterior para essa frase.Em "e" - Errado: "Deus ajuda quem cedo madruga". Resposta: Letra D.&nbsp;

 Quando o mar está calmo, todos podemos ser timoneiros; 

 A consciência é um Deus para todos os mortais; 

 Perante um obstáculo, a linha mais curta entre dois pontos pode ser a curva; 

 Sobre uma cabeça arrependida não se abaixa a espada; 

 A vingança é uma espécie de justiça selvagem.

Comentário: a intertextualidade é a relação de semelhança e identidade&nbsp;entre dois textos, em que um cita o outro explícita ou implicitamente. Um texto novo menciona o trecho de um texto pré-existente. &nbsp; Em "a" - Errado: citação de um único pensador, Publio Siro.Em "b" - Errado: citação completa de Menandro.Em "c" - Certo: citação que retoma um conceito advindo da matemática: "a menor distância entre dois pontos é a reta".Em "d" - Errado:&nbsp;citação completa de Pedro I. Czar da Rússia.Em "e" - Errado:&nbsp;citação completa de Francis Bacon Resposta: Letra C.

 Devemos falar como nos testamentos: quanto menos palavras, menos questões.

 No princípio era o Verbo e no final blábláblá.

 Escrevi o livro para tirar o pé da lama.

Comentário: Em "a" - Certo: a frase não faz nenhuma alusão, referência ou citação a um texto ou frase pré-existente.Em "b" - Errado: a referência é bem conhecida: trata-se de um trecho bíblico.Em "c" - Errado: referências claras às máximas "palavras não curam" e "palavras não bastam".Em "d" - Errado:&nbsp;o autor da frase faz uso de uma expressão popular "tirar o pé da lama" para dizer que pretende se recuperar financeiramente.Em "e" - Errado:&nbsp;"mal necessário" é uma famosa expressão que indica que algo que talvez não venhamos a apreciar nos dará bons resultados. Resposta: Letra A.

Excelente questão sobre intertextualidade! Vamos mergulhar no tema. A intertextualidade acontece quando um texto faz referência a outro, criando uma conexão entre eles que enriquece o entendimento ou proporciona novas perspectivas. No contexto da questão, temos o Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade sendo citado.
 
A citação do Manifesto Antropófago, que declara “A alegria é a prova dos nove”, exemplifica uma estratégica intertextualidade usada para fortalecer e complementar a argumentação sobre os primórdios do modernismo no Brasil. Ao citar Oswald, o texto não só referencia uma obra seminal do modernismo brasileiro, mas também sublinha a tendência dos modernistas de rejeitar as convenções passadas e valorizar a vitalidade e a renovação, conceitos centrais tanto no texto principal quanto no manifesto de Oswald.
 
Essa estratégia intertextual ajuda na progressão textual ao fornecer um exemplo concreto do ethos que impulsionava os artistas modernistas, criando um elo entre os 'novos' desejos de liberdade expressiva, destacados anteriormente no trecho, e a manifestação desses desejos na literatura da época. Além disso, reforça a coerência do texto ao reiterar e exemplificar como o modernismo brasileiro se distanciava de modelos anteriores, promovendo uma quebra de cânones literários e uma busca por uma expressão mais autêntica e libertadora.
 
A alternativa correta é C.

A citação de trecho do Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade, ilustra o emprego da intertextualidade a serviço da progressão textual e da coerência entre as ideias apresentadas a respeito dos “‘rapazes modernistas’” (linhas 20 e 21).

1 A primeira das apresentações seria dedicada à pintura
 e à escultura; a segunda, à literatura, e a terceira à música. A
 notícia da Semana fora recebida “com um frêmito de
4 curiosidade” nas rodas intelectuais e “altamente mundanas”
 de São Paulo, o que seria natural, pois se tratava da primeira
 tentativa de realizar no Brasil “um certame dessa natureza”.
7 Os modernistas de São Paulo usavam habitualmente o termo
 “futurismo”, mas o faziam em sentido elástico, para
 designar as propostas mais ou menos renovadoras que se
10 opunham às receitas “passadistas” e “acadêmicas”. A
 polarização futurismo x passadismo servia como uma tática
 retórica eficaz – mas também simplificadora. Esse aspecto
13 do discurso modernista, que se apresentava como ruptura
 com o “velho”, acabava por atirar na lata de lixo do
 “passadismo” manifestações variadas, às quais, diga-se, não
16 raro os próprios “novos” estavam atados. O rótulo
 “futurista” gerava incompreensões e facilitava ataques por
 sugerir subordinação às ideias de Marinetti. Por isso, Mário
19 de Andrade preferia, “bandeirantemente”, recusar em
 público a batuta do vanguardista italiano. Os “rapazes
 modernistas” desejavam apenas “ser atuais, livres de
20 cânones gastos, incapazes de objetivar com exatidão o
 ímpeto feliz da modernidade”. A expressão “ímpeto feliz”
 vinha como um grito de frescor e juventude em oposição à
25 sisudez “passadista” e ao ambiente soturno dos anos
 anteriores, imposto pela guerra. Mário gostava de citar a
 “mocidade alegre” e Oswald, alguns anos depois, em 1928,
28 sentenciaria no Manifesto Antropófago: “A alegria é a prova
29 dos nove”.

Tendo em vista os aspectos linguísticos do texto, julgue (C ou E) o item a seguir.


Questões de Português - Intertextualidade