Para determinar o tipo de linguagem predominante no texto fornecido, é fundamental entender os termos relacionados: 

1. **Denotativa**: Linguagem que se utiliza de significados diretos e literais das palavras, sem espaço para interpretações além do que está explicitamente declarado.
2. **Conotativa**: Linguagem que inclui sentidos figurados, metáforas e ambiguidades, conferindo maior subjetividade ao texto.
3. **Formal**: Tipo de linguagem que segue regras gramaticais estritas e é tipicamente usado em documentos oficiais, acadêmicos ou outra comunicação séria e organizada.
4. **Informal**: Linguagem mais relaxada, comumente encontrada em conversas cotidianas e que pode empregar gírias e expressões coloquiais.
5. **Acadêmica**: Linguagem utilizada em contextos científicos ou educacionais que se pauta pela clareza, precisão e objetividade, respeitando rigorosos padrões de formalidade.

### Análise do Texto

O texto apresenta uma informação factual sobre o teste de jornada de trabalho de quatro dias por semana no Reino Unido, envolvendo uma parceria de diversas instituições acadêmicas e empresas. Tendo isto em vista, faz-se um uso restrito de linguagem:

- **Denotativa**: O texto relata informações específicas sobre um estudo e suas implicações, sem utilizar metáforas ou linguagem figurada. As palavras são usadas no seu sentido literal e direto, relatando fatos e dados.
- **Formal**: Estruturado de forma organizada e seguindo padrões gramaticais formais, sem a utilização de coloquialismos ou informalidades. A redação científica e a menção de instituições renomadas como "Universidades de Cambridge e Oxford" também sugerem um tom mais formal.

### Avaliação das Opções:

- **A ) denotativa e formal.** Corresponde ao conteúdo do texto. Usa linguagem clara, direta e organizada.
- **B ) conotativa e coloquial.** Incorreto, não há linguagem figurada nem informal no texto.
- **C ) acadêmica e informal.** Incorreto, apesar de mencionar um ambiente acadêmico, o texto não é informal.
- **D ) conotativa e formal.** Incorreto, o texto não utiliza linguagem conotativa.
- **E ) acadêmica e coloquial.** Incorreto, o texto não é coloquial.

A alternativa correta é A).

Texto 02

1 A ideia de uma jornada com quatro dias de trabalho por 
 semana, e três de descanso, vem ganhando força pelo mundo 
 nos últimos tempos. E a maior novidade vem do Reino Unido: o 
 país está testando o modelo num grande experimento que 
 começou em junho e terminará em dezembro deste ano.
 Cerca de 70 empresas toparam entrar no estudo, somando 
5 3.300 profissionais que trabalharão apenas 80% da jornada 
 anterior, mas mantendo 100% do salário. A pesquisa é 
 coordenada pela organização 4 Day Week Global, que defende a 
 proposta, e também envolverá cientistas das Universidades de 
 Cambridge e Oxford, além do americano Boston College. Eles 
 ficam responsáveis por medir e avaliar os resultados do 
 experimento – no caso, a produtividade e o bem-estar dos 
 envolvidos.
 Os defensores do modelo argumentam que uma jornada de 
10 trabalho encurtada melhora esses dois parâmetros, o que 
 manteria a entrega dos resultados no mesmo patamar, ou, quem 
 sabe, até faria com que ela crescesse.
 O maior teste do tipo até agora veio da Islândia, onde o próprio 
 governo organizou o estudo. Na pequena ilha nórdica de 366 mil 
 habitantes, 2,5 mil funcionários públicos reduziram sua jornada 
 de 40 para 36 ou 35 horas semanais, podendo optar por 
 concentrá-las em apenas quatro dias para ganhar mais um livre 
15 ou reduzir as horas trabalhadas nos cinco dias úteis. Os 
 resultados foram promissores: um aumento no bem-estar e na 
 produtividade.
 O estudo do Reino Unido será o maior do tipo e pode trazer 
 dados ainda mais sólidos para entender os impactos da 
 proposta. E ele não está sozinho: Austrália e Nova Zelândia já 
 anunciaram que também farão experimentos parecidos. Outros 
 testes também estão sendo preparados nos EUA, Canadá e 
 Espanha.

Analisaremos cada alternativa de acordo com os princípios de linguagem apropriada para comunicações oficiais do Estado:

<ul>
<li>A) burocrática: A linguagem burocrática é caracterizada por seu formalismo e uso de terminologias técnicas específicas. Apesar de sua prevalência em documentos oficiais, essa escolha pode dificultar a compreensão para o público geral, indo contra o objetivo de facilitar o entendimento.</li>

<li>B) redundante: O emprego de redundância implica na repetição desnecessária de informações ou termos. Em comunicações oficiais, a concisão e clareza são prioritárias para garantir a eficiente transmissão das informações, tornando a redundância uma escolha inadequada.</li>

<li>C) regional: A linguagem regional pode incorporar particularidades locais de uma região e idiomaticidades que não são necessariamente entendidas por todos. Em uma comunicação oficial, que frequentemente tem um alcance mais abrangente, o uso de regionalismos pode complicar a compreensão por parte de pessoas de outras regiões.</li>

<li>D) objetiva: A linguagem objetiva é clara, direta e livre de ambiguidades ou elaborações desnecessárias. Esta é a forma ideal para comunicações oficiais governamentais que visam a compreensão ampla de seu conteúdo por todos os administrados. Além disso, favorece a eficiência comunicativa e a transparência.</li>

<li>E) coloquial: A linguagem coloquial é informal e geralmente utilizada em contextos menos formais. Embora possa parecer acessível, pode não ser apropriada para comunicados oficiais, que exigem um certo nível de formalidade e uniformidade.</li>
</ul>

Em conclusão, a alternativa que melhor atende ao critério de facilitar o entendimento em textos oficiais do Estado, optando por uma linguagem direta e sem ambiguidades, é a linguagem objetiva. Portanto, a alternativa correta é D.

 Há, no entanto, uma nova indústria que se fará representar nessa exposição...

 Até aí, tudo normal, como dizem os anormais.

 ...que a gente comia antigamente e ficava trocando seu reino por um bicarbonato.

 Num instante vão aparecer os estetas dos refogados, para melhor aproveitamento do saco.

 Para mim não precisa preparar almoço, não.

O enunciado e as alternativas propostas nesta questão focam em identificar um trecho que caracterize uma linguagem mais informal e coloquial, típica em contextos mais relaxados e cotidianos. Vamos analisar cada uma das alternativas para verificar a informalidade apresentada:

<ul>
<li>A ) "Há, no entanto, uma nova indústria que se fará representar nessa exposição..." - A linguagem aqui é formal e cuidadosamente elaborada, típica de textos mais sérios ou noticiosos, utilizando uma construção passiva ("se fará representar").</li>
<li>B ) "Até aí, tudo normal, como dizem os anormais." - Este trecho apresenta uma informalidade através do jogo de palavras "tudo normal, como dizem os anormais", inserindo um toque de humor e ironia. Embora seja informal, o conteúdo não é tão coloquial quanto outros exemplos.</li>
<li>C ) "...que a gente comia antigamente e ficava trocando seu reino por um bicarbonato." - Este trecho é claramente informal e coloquial, utilizando expressões como "a gente" em vez de "nós" e inclui uma expressão idiomática "trocando seu reino por um bicarbonato", que resgata uma linguagem mais popular e acessível.</li>
<li>D ) "Num instante vão aparecer os estetas dos refogados, para melhor aproveitamento do saco." - Apesar de trazer uma inovação na linguagem ("estetas dos refogados"), o trecho é mais especulativo e mantém um certo nível de formalidade, não sendo tão coloquial.</li>
<li>E ) "Para mim não precisa preparar almoço, não." - Embora utilize uma repetição ("não") para reforçar a informalidade, e ser um discurso direto, que usualmente é mais informal, o nível de informalidade e coloquialidade não é tão alto quanto na alternativa C.</li>
</ul>

Dado o uso de expressões populares e a estrutura mais relaxada do discurso, a alternativa C é a que melhor exemplifica a linguagem informal e coloquial, ao apresentar uma expressão altamente idiomatica e um tom bastante familiar.

A alternativa correta é C.

    Em Londres, que ultimamente não tem sido uma capital das mais britânicas (ou talvez os britânicos é que não sejam tão londrinos assim, sei lá), vai se inaugurar uma exposição internacional de embalagem. Até aí, tudo normal, como dizem os anormais. Há, no entanto, uma nova indústria que se fará representar nessa exposição, que está causando a maior curiosidade: a dos sacos comestíveis.
    Como, minha senhora, de quem é que é o saco? Calma, madama, eu já chego lá. A indústria foi inspirada na salsicha e isto dito assim fica meio sobre o jocoso, mas torno a explicar que, com vagar, se chega ao saco. É o seguinte: não sei se vocês já repararam que as salsichas, ultimamente, não têm mais aquela pele indigesta que a gente comia antigamente e ficava trocando seu reino por um bicarbonato. Hoje em dia, a pele das salsichas é fininha, e a gente come sem o menor remorso estomacal posterior.
    Pois essa pelinha, irmãos, é de matéria plástica comestível.
Foi inventada por um Thomas Edison das salsichas e aprovou num instante. E baseada nessa aprovação é que uma fábrica de embalagens estudou a possibilidade de fazer sacos para carregar comida das mercearias para o lar, capazes de serem comidos, isto é, um saco de matéria plástica parecida com o das salsichas, que seriam vendidos aos armazéns e utilizados pelos fregueses para transportar a mercadoria comprada. Entenderam, ou tem leitor retardado mental? 
    Agora, que fica bacaninha, isto fica. Num instante vão aparecer os estetas dos refogados, para melhor aproveitamento do saco (...), e os jornais , nas suas seções dominicais de culinária, terão títulos como este: “Saquinho de siri”, “Saco au champignon”, “Saco à la façon du chef”, etc, etc.
    E parece até que aqui o neto do Dr. Armindo está vendo uma dessas grã-finas, sempre mais preocupadas com o aspecto exterior do que com o aspecto interior, fazendo um rigoroso regime alimentar e dizendo para a empregada, quando esta volta do mercadinho com as compras: 
    - Para mim não precisa preparar almoço, não. Eu como só o saco.


 “A partir dela, o leitor será fisgado ou não” (5º§).

 “Uma vez aberta a janela do pensamento” (5º§).

 “o leitor é puxado para um local em que nunca esteve” (5º§).

 “é caleidoscópica, tal qual nosso cotidiano” (7º§).

 “Ao abrirmos os olhos pela manhã, nem imaginamos” (7º§).

```html
Para responder a questão sobre onde não ocorre o uso de linguagem figurada no texto de Martha Medeiros, é essencial compreender primeiro o que constitui essa linguagem. A linguagem figurada, ou figuras de linguagem, são estratégias literárias utilizadas pelos escritores para expressar ideias de maneira não literal, criativa, invocando imagens, sensações ou conexões inovadoras para enriquecer o texto.

<ul>
 <li>A) “A partir dela, o leitor será fisgado ou não” - Esta frase usa a metáfora de 'fisgar', comum na pesca, para ilustrar como a escrita pode capturar ou não a atenção do leitor. É uma clara utilização de linguagem figurada, remetendo a ideia de captura.</li>
 <li>B) “Uma vez aberta a janela do pensamento” - Aqui utiliza-se uma metáfora onde "abrir a janela" simboliza começar a pensar ou expandir a reflexão. A "janela do pensamento" não é uma janela literal, mas uma representação do início do processo mental ou de imaginação.</li>
 <li>C) “o leitor é puxado para um local em que nunca esteve” - Mais uma vez, trata-se de uma metáfora. O leitor não é literalmente 'puxado', mas essa expressão sugere uma forte influência do texto que leva mentalmente o leitor a novas ideias ou visões de mundo.</li>
 <li>D) “é caleidoscópica, tal qual nosso cotidiano” - A comparação direta entre a natureza variável, colorida e em constante mudança de um caleidoscópio e o cotidiano humano é uma metáfora que ilustra a complexidade e a diversidade do dia a dia.</li>
 <li>E) “Ao abrirmos os olhos pela manhã, nem imaginamos” - Esta frase descreve de maneira literal um fato: ao acordar, não temos consciência imediata ou previsões sobre o que ocorrerá durante o dia. Não há uso de figuras de linguagem nesta expressão; ela simplesmente aponta para uma experiência diária comum, sem abstrações ou imagens figuradas.</li>
</ul>

A análise dos trechos mostra que a alternativa E é a única que não apresenta linguagem figurada, focando apenas em uma descrição direta da experiência humana comum. Portanto, a opção correta é E.
```

(Martha Medeiros)

 Quando abri os olhos pela manhã, não podia imaginar que seria o dia que mudaria a minha vida.
 Que seria o dia que conheceria o homem que me fez cometer um crime. O dia que eu me enxergaria no espelho pela última vez. O dia que descobriria que estava grávida. O dia que encontraria um envelope lacrado, com uma carta remetida a mim 20 anos antes.
 (Que dia foi esse? Quem está falando?) 
 É apenas um exercício de criação. Iniciei a crônica com uma frase fictícia e demonstrei os desdobramentos que ela poderia ter. Uma vez escolhido o caminho a seguir, uma história começa a ser contada, que pode ser longa ou curta, verdadeira ou fantasiosa. Bem-vindo ao mundo encantado da escrita.
 Convém que a primeira frase seja cintilante.
A partir dela, o leitor será fisgado ou não. Exemplo clássico: “Todas as famílias felizes se parecem; cada família infeliz é infeliz à sua maneira”, início do romance Anna Karenina, de Tolstói.
Arrebatador. Uma vez aberta a janela do pensamento, a mágica acontece: o leitor é puxado para um local em que nunca esteve, é deslocado para um universo que poderá até ser hostil, mas certamente fascinante, pois novo. Talvez não se identifique com nada, mas será desafiado a enfrentar sua repulsa ou entusiasmo. Não estará mais em estado neutro. A neutralidade é um desperdício de vida, uma sonolência contínua.
 A crônica tem o mesmo dever: o de jogar uma isca para o leitor e atraí-lo para o texto.
Gênero híbrido (literário/jornalístico), encontrou no Brasil a sua pátria. Somos a terra de Rubem Braga e Antônio Maria, para citar apenas dois gênios entre tantos que fizeram da leitura de jornal um hábito não só informativo, mas prazeroso e provocador. Se eu fosse citar todos os colegas que admiro, teria que me estender por meia dúzia de páginas, mas só tenho essa.
 A crônica é um gênero livre por excelência.
Pode ser nostálgica, confessional, lunática, poética. Pode dar dicas, polemizar, elogiar, criticar. Pode ser partidária ou sentimental, divertida ou perturbadora, à toa ou filosofal – é caleidoscópica, tal qual nosso cotidiano. Ao abrirmos os olhos pela manhã, nem imaginamos que uma miudeza qualquer poderá nos salvar da mesmice, nos oferecer um outro olhar, mas assim é. Todos nós vivemos, por escrito ou não, uma crônica diária. Hoje, antes de adormecer, você já estará um pouco transformado.

 Aquele que deixa de aprender durante a juventude, perde o passado e está morto para o futuro.

 Uma comissão consiste em uma reunião de pessoas importantes que sozinhas não podem fazer nada, mas que juntas decidem que nada pode ser feito.

 O ruim de ser rico é viver com pessoas ricas.

 Somente a riqueza faz o avarento ser pobre.

A análise das alternativas deste exercício requer o entendimento do tom cômico, que geralmente se baseia em uma leveza irônica ou satírica, muitas vezes relativa a situações paradoxais ou absurdas, gerando humor. Vamos avaliar cada alternativa conforme este conceito:

<ul>
<li>A) "Aquele que deixa de aprender durante a juventude, perde o passado e está morto para o futuro." 
Esta frase apresenta um tom mais sério e reflexivo sobre a importância do aprendizado e suas consequências ao longo da vida, e não contém elementos que provocam humor.</li>
<li>B) "A pobreza consiste em se sentir pobre." 
Também carrega um tom reflexivo, explorando a ideia de que a pobreza pode ser tanto um estado material quanto um sentimento, não se configurando como uma afirmação humorística.</li>
<li>C) "Uma comissão consiste em uma reunião de pessoas importantes que sozinhas não podem fazer nada, mas que juntas decidem que nada pode ser feito." 
Esta alternativa usa o paradoxo e a ironia ao abordar a ineficácia das comissões, tornando a situação ridiculamente cômica. Satiriza a incompetência coletiva, um elemento comum em textos com tom cômico.</li>
<li>D) "O ruim de ser rico é viver com pessoas ricas." 
Apesar de ter uma leve ironia, o tom é mais crítico do que cômico, refletindo um aspecto social das relações entre ricos.</li>
<li>E) "Somente a riqueza faz o avarento ser pobre." 
Embora explore um paradoxo, essa frase é mais uma reflexão profunda sobre como a avareza afeta a percepção da riqueza, não sendo eminentemente cômica.</li>
</ul>

Portanto, ao comparar todas as alternativas, a opção C é a única que claramente apresenta um tom cômico, fazendo uso de ironia e crítica situacional. O humor aqui está na aparente inutilidade e contradição do grupo descrito, um recurso frequentemente utilizado em textos humorísticos para provocar riso ou reflexão jocosa.

A alternativa correta é C.

Questões de Português - Níveis de linguagem