Vamos dar uma olhada no enigma dos sinônimos e antônimos. Essa pegadinha legal da banca Instituto AOCP quer que a gente saiba qual palavra não substitui perfeitamente o termo em destaque no texto.

No texto, a palavra "porém" é usada para expressar uma ideia de contraste ou adversidade. Ela entra na sentença para mostrar algo contrário ou que se opõe ao que foi dito anteriormente. Esse contexto pede, então, um advérbio de oposição ou concessão.

 

Observando as alternativas:
<ul>
<li>A) contudo - tem o sentido de oposição, similar a "porém".</li>
<li>B) todavia - outro sinônimo clássico para "porém", indicando contrariedade.</li>
<li>C) portanto - ahh, aqui é onde o bicho pega. "Portanto" é usado para indicar conclusão ou resultado, e não contraste. Bingo!</li>
<li>D) entretanto - mais um na turma dos que expressam oposição, como "porém".</li>
<li>E) no entanto - também está na mesma linha de adversidade e oposição.</li>
</ul>

 

Logo, "portanto" seria a única opção que muda o sentido da frase, pois introduziria uma causalidade onde deveria existir um contraste. Por isso é a escolha certa para uma substituição inadequada, tornando-se a resposta correta da questão.

 

A alternativa correta é C.

Juremir Machado da Silva 
Contava-se que ela havia passado a vida lutando
contra homens, doenças e intempéries. Dizia-se
que criara sozinha onze filhos e enfrentara oito
tormentas de derrubar casas e deixar muita gente
desesperada. Durante muito tempo, teve um
apelido: a flagelada. Era alta, magérrima e de
olhos muito negros, duas bolas escuras que
pareciam cintilar à beira do abismo. Era uma
mulher de fala forte, voz rouca, agravada pelo
cigarro, não menos de trinta por dia, do palheiro ao
sem filtro, o que viesse, qualquer coisa que lhe
permitisse sair do ar.
– Meu silêncio diz tudo – era o máximo que
concedia a algum vizinho.
Apesar do seu jeito esquisito, era amada por
quase todos. Gostava-se da sua coragem, da sua
franqueza, alguns até falavam de uma ternura
escondida por trás dos gestos de fera indomável.
Muitos nem sabiam mais o nome dela. Era
chamada simplesmente de “a velha”. Contava-se
que prometera a si mesma viver cem anos para
debochar das agruras da vida. Servira durante
décadas de parteira, de benzedeira e até de
responsável pela ordem nas redondezas. Impunha
respeito, resolvia litígios, dava bons conselhos,
sentia pena das jovens apaixonadas. Com o
passar do tempo, ficou mais impaciente e menos
propensa a ouvir longas e repetitivas histórias.
(...)
Destino – Não se contava, porém, quando havia
perdido tudo. Ficara sem casa. Vivia na cidade
num quarto emprestado por um velho conhecido.
Quando se imaginava que estava esgotada, que
só esperava o fim para se livrar dos tormentos, ela
se revelou mais firme do que nunca. Queria viver.
Mais do que isso, deu para dizer a quem quisesse
ouvir que tinha um sonho.
– Um sonho?
– Sim, a Velha tem um sonho.
A notícia espalhou-se como um acontecimento
improvável. Com o que podia sonhar a velha?
Contava-se que homens faziam apostas enquanto
jogavam cartas ou discutiam futebol, mulheres
especulavam sobre esse sonho, crianças se
interessavam pelo assunto, todos queriam
entender como podia aquela mulher árida ter um
sonho, algo que a maioria, mais nova, já não tinha.
Por alguns meses, pois ela fazia do seu novo
silêncio um trunfo, foi cercada de atenção na
busca obsessiva por uma resposta. Teriam até lhe
oferecido dinheiro para revelar o seu sonho num
programa de rádio.
Conta-se que numa tarde mormacenta de janeiro,
com um temporal prestes a desabar, ela disse com
a sua voz grave um pouco mais vibrante para
quem pudesse ouvir (nunca se soube quem foi o
primeiro saber):
– Quero voltar para casa.
Que casa era essa? A velha queria retornar ao
lugar onde havia nascido, um lugar perdido na
campanha onde vicejava solitário um cinamomo.
Sonhava em ter uma casinha ali para viver os seus
últimos anos. Desse ponto de observação, podiase
enxergar um enorme vazio. A comunidade,
sempre tão dispersa, mobilizou-se como se, de
repente, tudo fizesse sentido. O dono da terra
aceitou que lhe erguessem um rancho no meio do
nada para que ela fincasse suas raízes por alguns
anos. Um mutirão foi organizado para erguer a
morada. Até políticos contribuíram para a compra
do modesto material – tábuas, pregos, latas –
necessário à construção da residência. Num final
de semana de fevereiro, a casa foi erguida.
Um rancho de duas peças: quarto e cozinha. Uma
latrina a dez passos do cinamomo. Caía a noite
quando tudo ficou pronto. Os homens
embarcaram na carroceria de um velho caminhão
e partiram. Ela ficou só no lugar que escolhera
para viver depois de tantas lutas encarniçadas
com o destino. Sentia-se vitoriosa. A lua cheia
banhou os campos naquela noite. Ela passeou até
onde as velhas pernas lhe permitiram. Deitou-se
no catre com colchão novo. Fez questão de
manter a sua cama. Morreu ao amanhecer com o
sol faiscando na cobertura de lata reluzindo de tão
nova e duradoura.

O pronome “se” poderia ser utilizado em
posição proclítica, “A notícia se espalhou
como um acontecimento improvável”, e a
frase ainda estaria correta.

Se o verbo “espalhou” estivesse no futuro,
“espalhará”, o pronome “se” deveria ser
utilizado antes do verbo.

A utilização do pronome “se” após o verbo
“espalhou” torna a frase informal.

Caso o pronome “se” fosse utilizado antes
do verbo “espalhou”, a frase não atenderia
às normas gramaticais.

O uso do pronome “se” após o verbo
“espalhou” aproxima-se da fala comum do
dia a dia, o que torna a frase inadequada.

Na frase mencionada, "A notícia espalhou-se como um acontecimento improvável", o pronome se funciona como um pronome apassivador, que, junto com o verbo, forma a voz passiva sintética. Em português, o pronome apassivador ou parte integrante do verbo na voz passiva pode aparecer tanto na forma ênclise (depois do verbo) quanto na forma próclise (antes do verbo), sem alterar o sentido fundamental da frase, embora possa haver variação quanto ao estilo ou ênfase.
 
No português falado no Brasil, é bastante comum a utilização da ênclise (como no exemplo do enunciado) após o verbo quando este inicia a frase ou segue uma pausa como uma vírgula, ponto final ou semelhante. No entanto, usar a próclise, pospondo o pronome antes do verbo, como em "A notícia se espalhou como um acontecimento improvável", também é corretamente aceito e é mais comum em contextos onde há uma palavra que atrai o pronome para antes do verbo, como conectivos subordinativos, advérbios, entre outros.
 
O uso da ênclise ou próclise tende a ser uma questão de contexto e ênfase, mas não altera a correção gramatical da frase em contextos como este, onde não existem elementos que forcem a próclise. Portanto, ambas as formas são aceitáveis e não tornam a frase informal ou inadequada conforme as alternativas sugeridas no erro.
 
A alternativa correta é A.

A questão busca identificar a relação estabelecida pelo conectivo "Apesar de" presente na frase destacada, Apesar do seu jeito esquisito. O termo é usado para introduzir uma ideia que é contrária ao que seria esperado ou natural, frente ao contexto que se segue. Ou seja, apesar de um aspecto negativo ou desfavorável ("seu jeito esquisito"), a velha ainda era amada por quase todos.

 

Veja, é importante destacar a natureza dos conectivos e como eles operam na construção do sentido dos enunciados:
<ul>
<li>Finalidade indica um objetivo ou propósito, algo que não se aplica aqui.</li>
<li>Explicação seria utilizada para justificar ou esclarecer algo, o que também não é o caso.</li>
<li>Adversidade sugere um contraste ou obstáculo, mas não é tão específico quanto a opção correta.</li>
<li>Classificação envolve a organização ou categorização, o que não se encaixa nesta situação.</li>
<li>Concessão (correta) especificamente indica que, apesar de uma condição potencialmente negativa, o resultado ou a situação resultante é diferente do esperado, o que se encaixa perfeitamente na relação que o texto propõe.</li>
</ul>

 

Ao empregar "Apesar de", o autor estabelece uma contrariedade entre o adjetivo "esquisito" e o fato da velha ser amada, destacando que, mesmo com seu jeito peculiar, ela conquistou a afeição das pessoas ao seu redor. Portanto, essa é uma clássica estrutura de concessão.

 

O entendimento correto de como os marcadores discursivos funcionam ajuda imensamente na interpretação de texto e é crucial para questões desse tipo em concursos.

 

A alternativa correta é E.

isolar orações que dependem uma da outra
para terem sentido completo.

demarcar um aposto explicativo, pois se
informa quando a casa foi erguida.

sinalizar um adjunto adverbial de tempo que
não obedece à ordem direta da frase, visto
que aparece no início.

separar orações independentes, as quais
possuem sentido completo isoladamente.

E aí, vamos entender essa questão sobre pontuação que toca num tópico super comum, mas que ainda confunde muita galera: o uso da vírgula com adjuntos adverbiais. No Instituto AOCP, costumam querer testar se você sabe quando e por que a gente usa vírgula nesses casos.

A frase da questão é: "Num final de semana de fevereiro, a casa foi erguida." O uso da vírgula aqui serve para separar o que chamamos de adjunto adverbial de tempo do resto da frase. Neste caso, o adjunto adverbial é "Num final de semana de fevereiro". Os adjuntos adverbiais são usados para informar quando, onde, como, por que, e com que intensidade algo aconteceu. Eles podem aparecer em diferentes pontos da frase, mas quando colocados no início, geralmente são separados por uma vírgula.
 

O legal é que essa regrinha vai além: você usa a vírgula não só por estar no início. Mesmo se o adjunto estiver intercalado ou no fim, em alguns casos, você ainda usará a vírgula para clarificar a frase e evitar ambiguidades, ou simplesmente para dar uma pausa, como a gente faz na fala, sabe?
 

Na alternativa D, eles explicam isso direitinho, dizendo que a vírgula sinaliza um adjunto adverbial de tempo que está fora da ordem comum da frase, ou seja, não segue a sequência direta do sujeito e do verbo. E isso faz todo sentido aqui! As outras opções falavam sobre coisas que não estavam rolando na frase, como aposto explicativo (opção C), que não é o caso, ou separar orações independentes (opção E), que também não se aplica aqui.
 

alternativa correta é D.

Questões de Concurso para Prefeitura Municipal de Betim/MG - Técnico de Informática