 Pai e filho de 6 anos morrem afogados no Rio Doce.

 “Olhe, o dono da loja está conversando com seu irmão” – disse apontando para eles.

 Além das rodovias, radares precisam ganhar as ruas (manchete do jornal A Gazeta ).

 Ajudei minha irmã exausta no fim do dia.

 Animal é resgatado de deserto em bicicleta adaptada.

A questão apresentada analisa a ambiguidade acidental em frases, referindo-se especificamente àquelas construídas sem planejamento, que podem causar confusão no entendimento. A ambiguidade é um fenômeno linguístico que pode ocorrer tanto na fala quanto na escrita, mas é mais problemática na comunicação escrita, onde o contexto muitas vezes não é claro para o receptor. Neste caso, a alternativa correta é a opção D: “Ajudei minha irmã exausta no fim do dia”. Vamos analisar cada uma das alternativas para entender melhor a razão de escolha da opção D.

<ul>
 <li>
 A) Pai e filho de 6 anos morrem afogados no Rio Doce. 
 Essa frase apresenta uma ambiguidade, pois pode ser interpretada de duas maneiras: se o "pai" é um dos afogados ou se é o "filho" com 6 anos. No entanto, essa ambiguidade não é acidental, assim, não se encaixa no contexto da questão.
 </li>
 
 <li>
 B) “Olhe, o dono da loja está conversando com seu irmão” – disse apontando para eles. 
 Aqui também encontramos ambiguidade, mas não acidental, pois o pronome “seu” pode referir-se a diferentes pessoas (o dono da loja ou uma terceira pessoa). Contudo, a estrutura da frase sugere uma clareza maior em relação aos envolvidos, afastando-a do conceito de ambiguidade acidental.
 </li>

 <li>
 C) Além das rodovias, radares precisam ganhar as ruas (manchete do jornal A Gazeta). 
 A frase menciona radares ganhando as ruas e pode ser interpretada como uma chamada para o aumento da fiscalização. Entretanto, a clareza do enunciado torna a ambiguidade leve e não necessariamente acidental.
 </li>

 <li>
 D) Ajudei minha irmã exausta no fim do dia. 
 Esta frase é um exemplo clássico de ambiguidade acidental, pois o termo "exausta" pode referir-se à própria irmã ou ao ato de ajudar. O contexto não está claro, levando a múltiplas interpretações. Assim, é uma construção que claramente se alinha com a definição de ambiguidade acidental apresentada no texto.
 </li>

 <li>
 E) Animal é resgatado de deserto em bicicleta adaptada. 
 A estrutura da frase aqui leva à confusão sobre quem ou o que foi resgatado. No entanto, a ambiguidade não é acidental, pois a frase pode ser interpretada de maneira bastante clara em um contexto específico.
 </li>
</ul>

Portanto, após analisar cada uma das alternativas à luz do conceito de ambiguidade acidental e do texto apresentado, fica claro que a opção D é a que mais se encaixa na definição proposta. Assim, a alternativa correta é D.

A ordem de elementos sublinhados nos enunciados que seguem pode, por um lado, comprometer os autores que os produzem e, por outro, confundir as pessoas que os leem: 

“O jóquei desceu do cavalo com um sorriso”.

“Os guardas prenderam o ladrão correndo em direção à estação rodoviária”.

Somente em fábulas, histórias em quadrinhos ou filmes animados existem cavalos que sorriem e até choram ou conversam. Quem sorriu foi o felizardo do jóquei cujo cavalo chegou antes dos outros equinos.

A confusão é facilmente resolvida se o conteúdo sublinhado antecede o sujeito “jóquei”. […] 

Com respeito à segunda oração, quem está correndo? O ladrão? Ou os guardas? Se fossem os guardas, bastaria modificar a ordem e acrescentar vírgulas: 

“Os guardas, correndo em direção à estação rodoviária, prenderam o ladrão”.

Todavia, se fosse o caso do ladrão em fuga, bastaria o seguinte ajuste: 

“Os guardas prenderam o ladrão que estava correndo em direção à estação rodoviária”.

As duas orações exemplificam a ambiguidade acidental devido à falta de planejamento ou ao açodamento no momento de escrever.

[…] 

Mas a noção de ambiguidade é bem mais complexa, pois existe a ambiguidade natural (inerente ao sistema dos idiomas). Nem todos os usuários de diferentes idiomas sabem que as línguas apresentam instâncias de ambiguidade arraigadas na estrutura léxica e gramatical.

Com respeito ao adjetivo “alto”, no enunciado “José está alto”, temos um caso de ambiguidade lexical que facilmente é desambiguizado com a contextualização: 

“José tem somente dez anos, mas está (é) alto para sua idade”.
Ou: 
“José está alto porque tomou umas e outras na festa”.

[…] 

A ambiguidade nem sempre é um problema para os usuários de um idioma quando as interações linguísticas ocorrem na fala do dia a dia. Sempre estamos num contexto ou numa situação real, como observa o literário Stanley Fish. Os que interagem estão cientes do contexto.

Por exemplo, se Fulano se encontra com o amigo Beltrano na rua e Fulano comenta: “Vi sua foto na revista”, Beltrano sabe que “sua” se refere a ele mesmo porque os dois amigos compartilham conhecimento sobre o motivo da publicação da fotografia. Ou a reportagem da revista tirou uma fotografia de Beltrano (ganhou uma bolada na loteria!) ou Beltrano é fotógrafo profissional e funcionário do referido veículo de comunicação (e ele tirou uma fotografia de um político colocando dinheiro na cueca ou nos bolsos!).

Daí se vê que, na fala, existe a possibilidade de colaboração entre os interlocutores Beltrano e Fulano. Tal colaboração não é possível na escrita, dada a distância de tempo e espaço entre o enunciador e seus eventuais receptores. Por esse motivo, os textos escritos precisam ser cuidadosamente revisados pelos responsáveis, para evitar ambiguidade que não foi planejada.

[…]

 O secretário e a gerente da loja vão casar-se.

 O ciclista percorreu 120 km em pouco tempo.

 Ayrton Senna foi nosso melhor piloto de Fórmula 1.

 Os celulares fazem parte do mundo moderno.

 A professora disse que expulsou o aluno errado.

 O chofer trouxe João e Maria às sete horas da noite.

 Eu e ela compramos a bicicleta para nosso filho.

 Notícia importante é a guerra entre Rússia e Ucrânia.

 Ela mordeu um doce e o seu amigo também.

 Falei com a chefe que estava com dor de cabeça.

Na análise das alternativas apresentadas, é importante identificar os elementos que podem causar dúvidas na interpretação do enunciado. Para tanto, deve-se observar se há possibilidade de múltiplas interpretações quanto aos sujeitos ou complementos presentes na frase.

Na alternativa A – "Comi uma pizza grande ontem." – a estrutura da frase é simples e direta. Não há elementos suscetíveis a interpretações conflitantes, pois os modificadores (adjetivos e advérbios) e o sujeito ocorrem de maneira clara. Assim, esta alternativa não apresenta ambiguidade.

Contrastando com as demais alternativas, podemos perceber que:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa B – "Pedro disse ao amigo que havia chegado.": A ambiguidade aqui reside em não ficar claro se a informação "que havia chegado" se refere a Pedro ou ao amigo, criando incerteza sobre o sujeito da ação.</li>
 <li>Alternativa C – "Ela mordeu um doce e o seu amigo também.": Nesse caso, a ambiguidade surge com o uso de "seu amigo", pois não se sabe à quem exatamente o pronome "seu" faz referência, levando a interpretações duplas.</li>
 <li>Alternativa D – "Falei com a chefe que estava com dor de cabeça.": Aqui, a dúvida se instala em relação a quem estava com dor de cabeça, se a "chefe" ou o locutor, havendo um conflito de referência.</li>
</ul>

Portanto, após a análise de todas as alternativas, observa-se que a alternativa A se destaca por sua clareza e ausência de elementos ambíguos, já que apresenta uma estrutura sintática sem possibilidades de múltiplas interpretações.

Alternativa Correta:
A alternativa A é a única que não apresenta ambiguidade, visto que a frase "Comi uma pizza grande ontem." é simples, objetiva e carece de elementos que possam gerar interpretações conflitantes.

Gabarito: Letra A

    Nós nunca estivemos tão conectados. As redes sociais podem fortalecer relacionamentos preexistentes e permitir que novas conexões sejam estabelecidas. No entanto, o uso __________ também pode nos fazer sentir mais sozinhos.
    Na Espanha, 92% das pessoas têm um smartphone e o utilizam principalmente para se comunicar por mensagens instantâneas com aplicativos como o WhatsApp. Nós nos comunicamos mais com nossas famílias e amigos por mensagens instantâneas do que face a face. Na verdade, passamos cada vez mais tempo interagindo com a mídia digital. Apesar disso, uma em cada três pessoas se sente solitária.
    A solidão indesejada tem consequências negativas para o __________ e a saúde. Quando persistente, pode levar a mudanças negativas em nossos sistemas nervoso, imunológico e cardiovascular. A solidão indesejada pode até aumentar o risco de morte — na mesma proporção que o fumo e mais do que a obesidade e a inatividade física.
    Então, o contato cara a cara é melhor que a comunicação virtual? Um pilar essencial na felicidade são as relações sociais. As pessoas que têm mais interações sociais face a face estão mais satisfeitas e têm um melhor estado de saúde em comparação com aquelas com uma rede social limitada. Por outro lado, a comunicação por meio de plataformas digitais nos permite nos expressar e construir a comunidade, mas parece ter um efeito negativo na satisfação das pessoas que não têm uma rede de apoio.
    Aplicativos como o WhatsApp nos permitem conectar com qualquer pessoa a qualquer momento. No entanto, a mensagem é mais simples e perdemos as nuances de tom de voz e expressão facial presentes na comunicação face a face, fundamentais para um intercâmbio social adequado. Além disso, parece haver um viés positivista nas comunicações virtuais, nós expomos mais aspectos positivos do que negativos, portanto temos a impressão de que os outros têm uma vida melhor e são mais felizes. Tudo isso pode gerar altos níveis de ansiedade. Experiências negativas em redes sociais, baixa _________ ou uma rede de apoio limitada poderiam ser alguns dos fatores que explicariam esses resultados.


Questões de Português - Ambiguidade - Superior