“Saiu para confabular mais adiante” (5º parágrafo).

“há uma hora na vida em que até os VIP escasseiam” (13º parágrafo).

“foram convidados por um garçom solícito a beber qualquer coisa” (13º parágrafo).

“Subiram pelas escadas rolantes” (12º parágrafo).

“ia pedindo passagem para os dois ilustres desconhecidos”(12º parágrafo).

Vamos quebrar a questão, rapaziada! Primeiramente, ao falarmos de expressão paradoxal, estamos dizendo que há uma contradição entre os elementos que compõem a expressão, certo? É aquele joguinho de ideias que se chocam, mas que no contexto fazem todo o sentido para transmitir uma ideia mais profunda ou irônica. 
 
Na alternativa E, "ia pedindo passagem para os dois ilustres desconhecidos”, temos o paradoxo na expressão "ilustres desconhecidos". Usualmente, ilustres refere-se a pessoas conhecidas, reconhecidas pela sua importância ou status. No entanto, o adjetivo vem acompanhado de "desconhecidos", o que contradiz diretamente a ideia anterior. E é essa contradição que traz um sabor especial ao texto, dando uma crítica sutil ao status social ou à fama efêmera. 
 
Vamos às outras opções rapidinho: 
<ul> 
 <li style="margin-bottom: 10px;">A) “Saiu para confabular mais adiante” – Não há paradoxo, apenas descreve uma ação de conversar em outro ponto.</li> 
 <li style="margin-bottom: 10px;">B) “há uma hora na vida em que até os VIP escasseiam” – Expressa uma ironia sobre a condição VIP, mas não forma um paradoxo.</li> 
 <li style="margin-bottom: 10px;">C) “foram convidados por um garçom solícito a beber qualquer coisa” – Não há contradição, o texto fala sobre uma oferta normal em um espaço de espera.</li> 
 <li style="margin-bottom: 10px;">D) “Subiram pelas escadas rolantes” – Totalmente direto, sem paradoxo.</li> 
</ul> 
 
Fechando a conta, podemos perceber que a contradição expressa em "ilustres desconhecidos" foi a chave da questão. Por isso, a alternativa correta é E.

1. João Brandão foi ao Aeroporto Internacional para abraçar um amigo dileto, que viajava com destino ao Paraguai. Pessoa comum despedindo-se de pessoa comum. Mas acontecem coisas. Alguém, informado da viagem, pedira ao amigo que levasse uma encomenda a Assunção. A encomenda apareceu na hora, entregue por um senhor que foi logo dizendo:
 – O doutor não precisa se incomodar. Eu providencio o despacho e tudo mais.
 O avião estava atrasado duas horas, o que não é muito, em comparação com outros atrasos por aí, inclusive o da chegada do estado de direito. O senhor da encomenda procurou amenizar a espera: 
 – O doutor não vai ficar duas horas sentado numa dessas cadeiras aí, vendo os minutos se arrastarem. Espere um momento, que eu dou um jeitinho. 
5. Saiu para confabular mais adiante e voltou com a boa nova: – Por obséquio, me acompanhe até a sala VIP.
 – Não é preciso – objetou o meu amigo. – Posso esperar perfeitamente aqui mesmo.
 – Não senhor. Estará melhor lá em cima.
 – Acontece que estou aqui com um amigo. 
10. − Ele também vai com o doutor.
 Não havia remédio senão subir à sala VIP. Seu amigo, encabulado, e João Brandão mais ainda. Seria indelicado insistir na recusa. E depois, por que não ir àquela sala?
 Subiram pelas escadas rolantes, precedidos de um abridor de caminhos, que com o indicador ia pedindo passagem para os dois ilustres desconhecidos.
 Na sala VIP, enorme e vazia, pois há uma hora na vida em que até os VIP escasseiam, João Brandão e seu amigo foram convidados por um garçom solícito a beber qualquer coisa, a ler revistas, a pedir o que lhes aprouvesse.
 – Obrigado – respondeu o amigo. – Não desejamos nada. Ou você, João, deseja alguma coisa? 
15. – Também não. Obrigado.
 O garçom insistia:
 – Nem um cafezinho, doutor?
 Vá lá, um cafezinho. Sorvendo-o a lentos goles, pareciam sorver o espanto de serem promovidos a VIP.
 – Veja como são as coisas, João. Nós aqui na maciota, em poltronas deleitáveis, contemplando quadros abstratos, e lá embaixo o povo concreto fazendo fila para conferir as passagens ou esperando em cadeiras padronizadas a hora do embarque. 
20. – É mesmo, sô.
 – Entretanto eles pagaram imposto como nós, custearam como nós a construção deste edifício, têm direitos iguais ao nosso de desfrutar as comodidades deste salão, mas na hora de desfrutá-las só nós dois é que somos convocados.
 – Nem me fale. Estou ficando com remorso.
 – Vivemos numa república, João. Você acha isso republicano?
 – Eu? Eu acho que estou aqui de intrometido. Você ainda passa, porque está levando alguma coisa a alguém, e por isso lhe conferiram honras de VIP. Mas eu sou apenas acompanhante de um VIP, e acompanhante por cento e vinte minutos. E agora que você me disse essas coisas, não aguento mais, vou-me embora já. Desculpe. 
25. – Que é isso, João, estava brincando. Pensando bem, o povão foi homenageado em nossas humildes pessoas. E, como diz o Milton Carneiro na televisão, a vida é curta, e isto é muito bom!
 João Brandão quis assimilar o sentimento do amigo, se é que este sentia realmente a doçura da situação, mas quando a gente é promovida a VIP e não tem estrutura de VIP (é uma coisa que nasce com o indivíduo, ou não nasce, e jamais lhe será consubstancial)... A verdade é que os dois continuaram ali sem a menor convicção de serem VIP.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. Boca de luar. São Paulo: Companhia das Letras, 2014)

Comentário: para resolver esta questão, é necessário separar as frases que constituem o período, que são, na verdade, duas opções, ou uma coisa ou outra.1a frase = "(...)&nbsp;é uma coisa que nasce com o indivíduo".2a frase = "&nbsp;ou não nasce, e jamais lhe será&nbsp;consubstancial" Na primeira, a opção é que nasce com o indivíduo, que é dele, que é sua essência, que lhe é naturalNa segunda, a opção é o que não nasce, isto é, se não nasce, jamais lhe será consubstancial. Observe que o trecho "(...)&nbsp;, e jamais lhe será&nbsp;consubstancial&nbsp;"&nbsp;apenas reitera o fato anterior ("... não nasce"). Resposta: Letra B.

“alguém” e “indivíduo”.

“alguém” e “coisa”.

“você” e “indivíduo”.

“você” e “coisa”.

“honras de VIP” e “consubstancial”.

Comentário: analisando os dois trechos, separadamente, temos: Trecho 1 - o verbo "conferiram", é transitivo direto indireto, assim, requer um complemento direto e um complemento Indireto. Nesse ponto de vista, "honras de VIP" pode ser considerado objeto direto e o "lhe" pode ser considerado objeto indireto. Logo, é possível aplicar a seguinte regra: "quem confere confere algo a alguém". Por isso, o "lhe" equivale a a você, e o trecho ficaria da seguinte forma: "Você ainda passa porque está levando alguma coisa a alguém, e por isso <s>lhe</s> conferiram honras&nbsp;a você".Trecho 2 - de acordo com o mesma regra de substituição, é possível reescrever o trecho dessa forma: "É uma coisa que nasce com o indivíduo e jamais<s> lhe</s> será consubstancial&nbsp;a ele". [Quem é ele? O indivíduo]. Resposta: Letra C.

Comentário: transposição de voz verbal, no caso de verbo transitivo direto "convidar", Voz passiva: "João Brandão e seu amigo&nbsp;foram convidados&nbsp;por um garçom solícito". Sujeito = "João Brandão e seu amigo"Locução verbal (verbo principal + pretérito perfeito)= "foram convidados" Agente da passiva = "por um garçom solícito". Voz ativa: "Um garçom solicito convidou João brandão e seu amigo".Sujeito = Um garçom solicitoVerbo transitivo direto no pretérito perfeito = "convidou" Objeto direto = "João Brandão e seu amigo". Resposta: Letra E.

“Ou você, João, deseja alguma coisa?” (14º parágrafo)

“Por obséquio, me acompanhe até a sala VIP.” (6º parágrafo)

“Posso esperar perfeitamente aqui mesmo.” (7º parágrafo)

“Vivemos numa república, João.” (23º parágrafo)

“Você acha isso republicano?” (23º parágrafo)

Comentário: no fragmento, o elemento destacado cumpre pode ser qualificado em termos sintáticos como o sujeito da oração. Dica: perguntar ao verbo "seria" → "[O que] seria [indelicado]"? R. "insistir na causa". Em "a" - Certo: o termo "você" cumpre a função sintática de sujeito da oração.Em "b" - Errado: "me" tem a função de objeto direto da oração, tendo em vista que o verbo "acompanhar" é transitivo direto.Em "c" - Errado: "aqui" cumpre a função sintática de adjunto adverbial da oração.Em "d" - Errado: "João" cumpre a função sintática de vocativo da oração.Em "e" - Errado: o termo "isso" tem função de objeto direto da oração, tendo em vista que o verbo "achar" é transitivo direto. Resposta: Letra A.

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